Diminuto como estava, Curt ainda era gigantesco se comparado ao universo para onde viajava. Contudo, não queria se reduzir muito até chegar próximo ao sistema do sol vermelho onde vivia a civilização que Quorn buscava. A sensação era estranha: flutuar por entre estrelas mortas pouco maiores que sua cabeça.
Curt parou surpreso ao ver uma massa escura se aproximar vindo do sol rubro. A princípio, pensou ser uma estrela morta vagando pelo espaço, mas logo percebeu que era uma forma humanoide em um traje espacial! Tão grande como ele próprio, o enorme corpo veio crescendo em sua direção.
-- Ul Quorn. Deveria ter previsto.
Com certeza Ul Quorn o avistara penetrando o universo subatômico lá do planeta onde estava. E agora tentava impedi-lo de atrapalhar seus planos.
-- Quer me pegar! pensou Curt. Por isso usa o gerador para aumentar de tamanho. Tenho que pará-lo!
Ligou o propulsor à toda potência, sendo impelido através do espaço interestelar direto para a figura de Quorn. Dois gigantes em corrida desesperada por entre sois mortos, prestes a entrarem em combate! Era assim que os habitantes dos mundos atômicos os viam.
Quorn avançava bem à frente, o rosto contorcido de ódio era nítido pelo capacete de glassite. Usava o propulsor no máximo do empuxo e sacou a pistola atômica mirando Curt.
Este já havia acionado seu próprio propulsor que o jogou para o lado esquivando-se do raio que estourou em uma estrela próxima, desintegrando-a e a seus planetas satélites em cinzas rodopiantes.
Curt evitou usar sua pistola de prótons para contra-atacar temendo, caso a mira lhe falhasse, atingir algum dos astros habitados.
-- Tenho que fazê-lo parar de crescer!
Em uma manobra em ziguezague, desviou-se de mais um tiro do inimigo, mas colidiu com sua figura. Os dois colossos, pelos padrões do Universo à volta deles, se agarraram em luta.
Quorn atingiu o capacete de Futuro com a pistola no intuito de rachar o glassite, mas Curt não fez esforço para impedi-lo pois tentava alcançar o gerador no cinto do mestiço. Ele já estava maior que Curt quando conseguiu acionar o botão do mecanismo. A aura dourada que cobria Quorn se esvaneceu. O marciano parou de crescer.
-- Sempre soube que eu iria conseguir te matar um dia! A voz arfante de Quorn alcançou Curt pelo contato dos capacetes enquanto virava a pistola para o peito dele sem pensar no risco de abrir um buraco no próprio traje.
-- Você não vai, não! gritou o Capitão Futuro. Contorcendo seu corpo, se desvencilhou da pistola de Quorn com um golpe do braço.
O raio mortal brilhou pelo espaço. Com um golpe de jiu-jitsu ensinado por Otho, arrancou-lhe da mão a arma de raios e a arremessou longe. Ela foi imediatamente atraída por um sol defunto tão grande quando ela.
Quorn ficou louco de raiva. Tentou destrancar o capacete de Futuro de qualquer jeito. Suas ações violentas os fizeram rolar pelo espaço destruindo sistemas mortos, estrelas e planetas se despedaçavam com os golpes.
Curt sabia que tinham que parar de lutar ou iriam eventualmente colidir com o sistema ainda vivente. Manobrou a mão para o pescoço de Quorn e tateou por entre a tessitura grossa do macacão espacial até achar o local exato na base do crânio para aplicar o velho beliscão venusiano. O golpe paralisou a atividade neural do mestiço e o fez parar de lutar instantaneamente.
-- Pelos demônios do espaço! Finalmente! soltou Curt.
Seu capacete estava um pouco frouxo pelos ataques do marciano, ajeitou-o e olhou a cena. Flutuavam entre alguns sistemas mortos e a estrela vermelha próxima. Agarrou Quorn e se impeliu em direção a ela. Ao chegarem mais perto, ligou ambos os geradores do campo de encolhimento. Seis planetas giravam em torno da estrela rubra, cada um deles era coberto por uma cúpula ou escudo transparente. Ele os impulsionou até o maior dos mundos. Chegando lá, os dois já estavam com um tamanho relativo aos padrões daquela gente.
-- Talvez teria sido melhor eu ter levado ele de volta ao nosso mundo em vez de arriscar vindo até aqui, Curt falou para si. Mas como deixar esse povo desamparado?
Ele e Quorn aterrissaram suavemente no teto transparente do mundo abaixo, Curt largou o mestiço inconsciente por um instante e olhou através do material do teto. Viu que mesmo protegido por ele, o planeta era frio.
Tundras inóspitas se estendiam sob o brilho cor de sangue da estrela moribunda. Aqui e ali via-se pequenos lagos congelados. No horizonte, uma cidade de arquitetura grotesca apontava suas torres para o céu.
-- Se acabando mesmo, pensou Futuro.
O último sol de um universo em colapso. Já não aquecia o planeta direito, nem mesmo com a cobertura servindo de estufa.
Observou uma escotilha a alguns quilômetros adiante na superfície donde naves saíam.
-- Vamos lá. Pode ser que eu tenha me enfiado em uma enrascada querendo ajudar estes seres.
Algumas pequenas espaçonaves voaram por sobre eles e desceram na cúpula transparente bem próximo. De dentro, saltou um grupo de homens envergando trajes grossos.
-- Humanoides! exclamou Curt surpreso. Vai ver algum grupo humano do nosso universo desceu até aqui para colonizar esses mundos.
Os indivíduos eram altos, garbosos de cabelos negros e grossos, olhos de pupilas grandes e as peles mais brancas que ele jamais vira. Levantaram hastes que só podiam ser armas. O mais velho deles, um senhor de rosto largo, cabelos brancos, a pele muito enrugada pela idade, se dirigiu perplexo a Curt.
-- Mais um gigante das estrelas. Assistimos sua luta e como venceu este outro. Ele nos assegurou ser o verdadeiro gigante. Ele falava esse idioma que o primeiro gigante nos ensinou.
Capitão Futuro percebeu que o velho se comunicava com um dialeto estranhamente derivado da língua marciana antiga.
-- Vamos matar esse aí! um dos soldados do velho incitou. Ele não matou o verdadeiro gigante que nos prometeu novos mundos?
-- Esperem! comandou Curt em marciano. Este homem aqui deitado, por acaso lhes prometeu mudarem-se para um sistema mais jovem?
-- Sim! respondeu o velho líder. Quando o indagamos, disse que era o gigante das estrelas cuja vinda as profecias avisavam.
-- Profecias? repetiu Curt. Ainda se lembram das profecias?
-- Não havia mais esperanças para nós. Eras atrás, quando o gigante nos visitou, estávamos morrendo, nosso universo perecia rápido. Ele retornou ao seu próprio universo prometendo voltar e nos levar para novos mundos. A grande maioria entre nós guardou essa esperança dentro de si, embora externalizaram certa descrença quando nosso salvador não retornou. As gerações seguintes também ansiaram em seus corações, contudo acusavam os antigos de serem supersticiosos. Tudo o que tentamos para resguardar nossa raça só serviu para prolongar nossa existência miserável, sem resolver a causa fundamental, a morte de nossas estrelas.
A compaixão flechou Futuro de forma fulminante. Esse povo corajoso cobriu seus mundos com cúpulas de vidro para conter o máximo de calor dos planetas e, dia após dia, lutaram contra a extinção.
-- Há pouco tempo veio este aí no chão, disse o líder. Quando lhe perguntamos se era o gigante das estrelas, ele confirmou. Nos conclamou a construir armas e obedecer a sua liderança durante o traslado até o novo sistema.
-- Ele mentiu. Ele não é o gigante da profecia, esclareceu Futuro. Ele busca levá-los à guerra e à destruição enquanto seguem os propósitos egoístas dele. O sistema para o qual pretendia levá-los os teria escorraçado.
Um gemido de lamento correu pelo grupo atento à conversa.
-- Quer dizer que nossa última esperança se foi? Nossa raça vai sucumbir apesar de nossos esforços?
-- Não! Curt Newton enfatizou. Vou levar este gigante para o meu universo e lhes prometo que logo, logo seu universo moribundo se tornará um universo novo, com incontáveis mundos habitáveis.
Eles o olharam curiosos.
-- Como pode um homem só alcançar tal proeza? sussurrou o líder grisalho.
-- Acreditem-me, pois assim o farei, prometeu Futuro.
O grupo ouviu a firmeza de sua voz. Seu olhar irradiava o conhecido poder de persuasão que já havia conquistado a confiança de raças inteiras.
-- Cremos em ti, disse o velho líder. Acreditamos que sejas o Gigante das Estrelas que há tanto esperamos.
Curt levantou Ul Quorn e pediu:
-- Afastem-se um pouco. Vou retornar com este criminoso para o meu universo, mas estejam certos de que em pouco tempo irão testemunhar o ressurgimento da luz neste universo.
Aparvalhados, se afastaram e Curt religou os geradores em seu cinto e no de Quorn. A aura dourada os envolveu e o planeta encapsulado e seus representantes foram se reduzindo em tamanho bem rapidamente. Capitão Futuro e seu prisioneiro se agigantaram.
Um toque nos controles do propulsor os impulsionou para longe do sistema dos atômicos. Foram aumentando de tamanho entre as estrelas mortas. Curt se afastou logo da
estrela vermelha afim de não avariar as órbitas dos mundos submetidos à massa agigantada de seus corpos em expansão constante e que, em pouco tempo, estavam tão grandes que as estrelas mortas não eram mais que partículas de poeira voando em volta.
Estas, por sua vez, se condensaram em moléculas, em seguida em esferas que se aglutinaram em massa sólida. Curt usou o propulsor para impeli-los para cima até chegarem no abismo estre as paredes da rocha que foram se fechando velozes à medida que cresciam.
Subiu até a borda do abismo puxando Quorn até ficarem de pé sobre a massa rochosa que escolhia. O rochedo virou um pedregulho sobre a superfície da colina negra - o grão de areia encravado na gema!
Escorregou com seu convidado pela lateral da colina, caindo na planície metálica que era o balcão do laboratório da Cometa. Já do tamanho de um polegar, Curt olhou para cima e viu seus amigos ciclópicos ainda curvados sobre o balcão. Acenou.
Minutos depois, Curt Newton e o cientista desmaiado já estavam no tamanho normal.
-- Chefe, você o trouxe de volta! gritou Otho exultante. Como foi lá embaixo?
-- Um universo se apagando como Thuro Thunn descreveu, respondeu Curt. Eu prometi aos habitantes que vou restaurá-lo.
-- E como vai fazer isso? indagou Grag.
Em vez de responder, Curt lhes relatou os acontecimentos.
-- Pegamos Quorn e depois vamos pegar os 'artistas' dele lá no Planeta dos Prazeres, declarou. Com as evidências que obtivemos, e com os depoimentos daqueles seres que irão contar tudo para se livrarem da pena, Quorn certamente pegará prisão perpétua.
-- Por que não o matamos? protestou Otho. Ele vai sempre causar problemas agora que conhece o segredo da diminuição atômica.
-- Não vamos matá-lo, não, explicou Curt. Simon e eu vamos apagar as lembranças do segredo em sua mente usando a sonda mental.
-- De certo, rapaz, que é uma precaução sensata, retorquiu Simon de dentro de sua caixa.
Esticaram o corpo de Quorn sobre a mesa. Joan e Ezra testemunharam o procedimento em que Curt e o Cérebro utilizaram o aparelho citado. Uma das maiores invenções do Capitão Futuro, a sonda era capaz de reordenar os padrões mentais formadores de lembranças e eliminar memórias específicas.
-- É isso, Curt disse ao terminar. Ele se lembrará de tudo com exceção do segredo marciano.
(continua no último capítulo: O Novo Universo)
Ligou o propulsor à toda potência, sendo impelido através do espaço interestelar direto para a figura de Quorn. Dois gigantes em corrida desesperada por entre sois mortos, prestes a entrarem em combate! Era assim que os habitantes dos mundos atômicos os viam.
Quorn avançava bem à frente, o rosto contorcido de ódio era nítido pelo capacete de glassite. Usava o propulsor no máximo do empuxo e sacou a pistola atômica mirando Curt.
Este já havia acionado seu próprio propulsor que o jogou para o lado esquivando-se do raio que estourou em uma estrela próxima, desintegrando-a e a seus planetas satélites em cinzas rodopiantes.
Curt evitou usar sua pistola de prótons para contra-atacar temendo, caso a mira lhe falhasse, atingir algum dos astros habitados.
-- Tenho que fazê-lo parar de crescer!
Em uma manobra em ziguezague, desviou-se de mais um tiro do inimigo, mas colidiu com sua figura. Os dois colossos, pelos padrões do Universo à volta deles, se agarraram em luta.
Quorn atingiu o capacete de Futuro com a pistola no intuito de rachar o glassite, mas Curt não fez esforço para impedi-lo pois tentava alcançar o gerador no cinto do mestiço. Ele já estava maior que Curt quando conseguiu acionar o botão do mecanismo. A aura dourada que cobria Quorn se esvaneceu. O marciano parou de crescer.
-- Sempre soube que eu iria conseguir te matar um dia! A voz arfante de Quorn alcançou Curt pelo contato dos capacetes enquanto virava a pistola para o peito dele sem pensar no risco de abrir um buraco no próprio traje.
-- Você não vai, não! gritou o Capitão Futuro. Contorcendo seu corpo, se desvencilhou da pistola de Quorn com um golpe do braço.
O raio mortal brilhou pelo espaço. Com um golpe de jiu-jitsu ensinado por Otho, arrancou-lhe da mão a arma de raios e a arremessou longe. Ela foi imediatamente atraída por um sol defunto tão grande quando ela.
Quorn ficou louco de raiva. Tentou destrancar o capacete de Futuro de qualquer jeito. Suas ações violentas os fizeram rolar pelo espaço destruindo sistemas mortos, estrelas e planetas se despedaçavam com os golpes.
Curt sabia que tinham que parar de lutar ou iriam eventualmente colidir com o sistema ainda vivente. Manobrou a mão para o pescoço de Quorn e tateou por entre a tessitura grossa do macacão espacial até achar o local exato na base do crânio para aplicar o velho beliscão venusiano. O golpe paralisou a atividade neural do mestiço e o fez parar de lutar instantaneamente.
-- Pelos demônios do espaço! Finalmente! soltou Curt.
Seu capacete estava um pouco frouxo pelos ataques do marciano, ajeitou-o e olhou a cena. Flutuavam entre alguns sistemas mortos e a estrela vermelha próxima. Agarrou Quorn e se impeliu em direção a ela. Ao chegarem mais perto, ligou ambos os geradores do campo de encolhimento. Seis planetas giravam em torno da estrela rubra, cada um deles era coberto por uma cúpula ou escudo transparente. Ele os impulsionou até o maior dos mundos. Chegando lá, os dois já estavam com um tamanho relativo aos padrões daquela gente.
-- Talvez teria sido melhor eu ter levado ele de volta ao nosso mundo em vez de arriscar vindo até aqui, Curt falou para si. Mas como deixar esse povo desamparado?
Ele e Quorn aterrissaram suavemente no teto transparente do mundo abaixo, Curt largou o mestiço inconsciente por um instante e olhou através do material do teto. Viu que mesmo protegido por ele, o planeta era frio.
Tundras inóspitas se estendiam sob o brilho cor de sangue da estrela moribunda. Aqui e ali via-se pequenos lagos congelados. No horizonte, uma cidade de arquitetura grotesca apontava suas torres para o céu.
-- Se acabando mesmo, pensou Futuro.
O último sol de um universo em colapso. Já não aquecia o planeta direito, nem mesmo com a cobertura servindo de estufa.
Observou uma escotilha a alguns quilômetros adiante na superfície donde naves saíam.
-- Vamos lá. Pode ser que eu tenha me enfiado em uma enrascada querendo ajudar estes seres.
Algumas pequenas espaçonaves voaram por sobre eles e desceram na cúpula transparente bem próximo. De dentro, saltou um grupo de homens envergando trajes grossos.
-- Humanoides! exclamou Curt surpreso. Vai ver algum grupo humano do nosso universo desceu até aqui para colonizar esses mundos.
Os indivíduos eram altos, garbosos de cabelos negros e grossos, olhos de pupilas grandes e as peles mais brancas que ele jamais vira. Levantaram hastes que só podiam ser armas. O mais velho deles, um senhor de rosto largo, cabelos brancos, a pele muito enrugada pela idade, se dirigiu perplexo a Curt.
-- Mais um gigante das estrelas. Assistimos sua luta e como venceu este outro. Ele nos assegurou ser o verdadeiro gigante. Ele falava esse idioma que o primeiro gigante nos ensinou.
Capitão Futuro percebeu que o velho se comunicava com um dialeto estranhamente derivado da língua marciana antiga.
-- Vamos matar esse aí! um dos soldados do velho incitou. Ele não matou o verdadeiro gigante que nos prometeu novos mundos?
-- Esperem! comandou Curt em marciano. Este homem aqui deitado, por acaso lhes prometeu mudarem-se para um sistema mais jovem?
-- Sim! respondeu o velho líder. Quando o indagamos, disse que era o gigante das estrelas cuja vinda as profecias avisavam.
-- Profecias? repetiu Curt. Ainda se lembram das profecias?
-- Não havia mais esperanças para nós. Eras atrás, quando o gigante nos visitou, estávamos morrendo, nosso universo perecia rápido. Ele retornou ao seu próprio universo prometendo voltar e nos levar para novos mundos. A grande maioria entre nós guardou essa esperança dentro de si, embora externalizaram certa descrença quando nosso salvador não retornou. As gerações seguintes também ansiaram em seus corações, contudo acusavam os antigos de serem supersticiosos. Tudo o que tentamos para resguardar nossa raça só serviu para prolongar nossa existência miserável, sem resolver a causa fundamental, a morte de nossas estrelas.
A compaixão flechou Futuro de forma fulminante. Esse povo corajoso cobriu seus mundos com cúpulas de vidro para conter o máximo de calor dos planetas e, dia após dia, lutaram contra a extinção.
-- Há pouco tempo veio este aí no chão, disse o líder. Quando lhe perguntamos se era o gigante das estrelas, ele confirmou. Nos conclamou a construir armas e obedecer a sua liderança durante o traslado até o novo sistema.
-- Ele mentiu. Ele não é o gigante da profecia, esclareceu Futuro. Ele busca levá-los à guerra e à destruição enquanto seguem os propósitos egoístas dele. O sistema para o qual pretendia levá-los os teria escorraçado.
Um gemido de lamento correu pelo grupo atento à conversa.
-- Quer dizer que nossa última esperança se foi? Nossa raça vai sucumbir apesar de nossos esforços?
-- Não! Curt Newton enfatizou. Vou levar este gigante para o meu universo e lhes prometo que logo, logo seu universo moribundo se tornará um universo novo, com incontáveis mundos habitáveis.
Eles o olharam curiosos.
-- Como pode um homem só alcançar tal proeza? sussurrou o líder grisalho.
-- Acreditem-me, pois assim o farei, prometeu Futuro.
O grupo ouviu a firmeza de sua voz. Seu olhar irradiava o conhecido poder de persuasão que já havia conquistado a confiança de raças inteiras.
-- Cremos em ti, disse o velho líder. Acreditamos que sejas o Gigante das Estrelas que há tanto esperamos.
Curt levantou Ul Quorn e pediu:
-- Afastem-se um pouco. Vou retornar com este criminoso para o meu universo, mas estejam certos de que em pouco tempo irão testemunhar o ressurgimento da luz neste universo.
Aparvalhados, se afastaram e Curt religou os geradores em seu cinto e no de Quorn. A aura dourada os envolveu e o planeta encapsulado e seus representantes foram se reduzindo em tamanho bem rapidamente. Capitão Futuro e seu prisioneiro se agigantaram.
Um toque nos controles do propulsor os impulsionou para longe do sistema dos atômicos. Foram aumentando de tamanho entre as estrelas mortas. Curt se afastou logo da
estrela vermelha afim de não avariar as órbitas dos mundos submetidos à massa agigantada de seus corpos em expansão constante e que, em pouco tempo, estavam tão grandes que as estrelas mortas não eram mais que partículas de poeira voando em volta.
Estas, por sua vez, se condensaram em moléculas, em seguida em esferas que se aglutinaram em massa sólida. Curt usou o propulsor para impeli-los para cima até chegarem no abismo estre as paredes da rocha que foram se fechando velozes à medida que cresciam.
Subiu até a borda do abismo puxando Quorn até ficarem de pé sobre a massa rochosa que escolhia. O rochedo virou um pedregulho sobre a superfície da colina negra - o grão de areia encravado na gema!
Escorregou com seu convidado pela lateral da colina, caindo na planície metálica que era o balcão do laboratório da Cometa. Já do tamanho de um polegar, Curt olhou para cima e viu seus amigos ciclópicos ainda curvados sobre o balcão. Acenou.
Minutos depois, Curt Newton e o cientista desmaiado já estavam no tamanho normal.
-- Chefe, você o trouxe de volta! gritou Otho exultante. Como foi lá embaixo?
-- Um universo se apagando como Thuro Thunn descreveu, respondeu Curt. Eu prometi aos habitantes que vou restaurá-lo.
-- E como vai fazer isso? indagou Grag.
Em vez de responder, Curt lhes relatou os acontecimentos.
-- Pegamos Quorn e depois vamos pegar os 'artistas' dele lá no Planeta dos Prazeres, declarou. Com as evidências que obtivemos, e com os depoimentos daqueles seres que irão contar tudo para se livrarem da pena, Quorn certamente pegará prisão perpétua.
-- Por que não o matamos? protestou Otho. Ele vai sempre causar problemas agora que conhece o segredo da diminuição atômica.
-- Não vamos matá-lo, não, explicou Curt. Simon e eu vamos apagar as lembranças do segredo em sua mente usando a sonda mental.
-- De certo, rapaz, que é uma precaução sensata, retorquiu Simon de dentro de sua caixa.
Esticaram o corpo de Quorn sobre a mesa. Joan e Ezra testemunharam o procedimento em que Curt e o Cérebro utilizaram o aparelho citado. Uma das maiores invenções do Capitão Futuro, a sonda era capaz de reordenar os padrões mentais formadores de lembranças e eliminar memórias específicas.
-- É isso, Curt disse ao terminar. Ele se lembrará de tudo com exceção do segredo marciano.
(continua no último capítulo: O Novo Universo)
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