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18 setembro 2019

Capitão Futuro e as 7 Gemas Espaciais (Capítulo 4)



Mensagem Mental

     Capitão Futuro afastou o olhar do monte de carne antes chamado Kenneth Lester e checou o escritório pouco iluminado do arqueólogo morto. Joan, Ezra Gurney e o comandante da Polícia Planetária estavam em silêncio, no aguardo da opinião do Mago da Ciência. Mas foi Otho quem se expressou primeiro.
     -- É muito estranho que tenhamos justamente conversado sobre a antiga ciência marciana e encontramos Lester assassinado por uma arma marciana.
     O velho Gurney moveu-se inquieto.
     -- Já vi seres morrerem em várias circunstâncias ruins, mas jamais algo assim.
     -- Ninguém nunca viu. Por eras. Curt Newton replicou sombrio. Simon e eu ouvimos falar de uma arma usada pelos antigos marcianos durante as guerras da IXª Dinastia e que causava esse tipo de desintegração. A natureza da arma ainda é mistério.
     Halk Anders, o comandante da Polícia Planetária com cara de buldogue virou-se para Curt.
     -- Recebi uma ligação de North Bonnel, secretário da Presidência, dizendo que o Professor Lester o chamou à noite pedindo para entrar em contato com o senhor.
     Curt Newton fechou o cenho.
     -- Me chamar? Por quê?
     -- Lester contou que havia descoberto algo incrível, e estava muito nervoso. 
     Curt sentiu que estava no limiar do mistério envolvendo o assassinato medonho. Os olhos cinzentos varreram o aposento repleto de artefatos e caixotes fechados.
     -- Lester estudava os restos da civilização dos Antigos de Júpiter, falou pensativo. Ele me passou sua ansiedade em começar a examiná-los.
     As lembranças o levaram a uma estranha caverna às margens do Grande Mar de Júpiter onde ele, Grag e Lester eram prisioneiros do Imperador Espacial. As relíquias da ciência Joviana foram encarregadas à Lester pelo Governo do Sistema.
     -- Podemos ler suas notas para descobrir algo mais, chefe, sugeriu Otho.
     Curt assentiu.
     -- Aquela pilha parece conter as observações que procuramos.
     Ficaram meia hora debruçados sobre os cadernos do arqueólogo enquanto os demais aguardavam. Mas terminaram frustrados.
     -- Não há nada aqui, murmurou. Ao que parece, ele estava submetendo as peças a um exame preliminar. Mas, só um minuto! Olha aqui a listagem com os itens trazidos de Júpiter por Lester. Vamos checar se está tudo aqui.
     Curt seguia a lista enquanto Otho, Ezra e Joan, que conheciam arte joviana, checavam os objetos um por um.
     -- "Uma gema espacial." Curt leu finalmente e esperou o pessoal checar seu paradeiro.
     -- Não há nada disso por aqui, chefe, respondeu Otho.
     Curt franziu a testa. 
     -- Vamos deixar de lado por agora. Vamos checar de novo.
     O grupo listou os objetos presentes no escritório. Capitão Futuro verificou a falta da gema espacial. Leu a descrição do objeto.
     --"Uma gema cortada e lapidada à maneira marciana, e aparentemente trazida de Marte para Júpiter."
     -- Será que é muito valiosa? Ezra indagou cético. Não conheço gemas muito bem.
     -- São as pedras mais valiosas do Sistema inteiro, esclareceu Futuro. Há somente uma dúzia delas. São na verdade um isótopo raro de carbono encontradas em meteoros que penetram no sistema vindos de fora.
     Halk Anders, o chefe da Polícia se interessou.
     -- Havia uma gema espacial, evidência de um caso de assassinato em Mercúrio. Semanas atrás, um comerciante de joias foi morto e a gema levada.
     Curt encaixou a coluna.
     -- O assassinato foi cometido da mesma forma horrenda?
     -- Não sei, mas posso averiguar com o QG.
     O comandante foi até o monitor na mesa enquanto Otho falava com Curt.
     -- Essa descrição indica que a gema foi cortada e facetada à moda marciana. Marte Antiga mais uma vez! Que raios isso significa, chefe?
     -- Pode ser coincidência, Curt disse devagar.
     --Sei que não é isso que vai aí na sua cabeça! Otho se entusiasmou. Você está pensando como eu.
     O comandante voltou todo animado.
     -- O assassinato do comerciante de joias aconteceu da mesma forma! E a gema roubada tinha lapidação marciana também.
     -- Viu só? exclamou Otho com os olhos brilhando.
     Curt começou a perceber que a morte de Lester não era um caso isolado como havia pensado de primeira. Parecia o braço de uma conspiração interplanetária ligado de alguma forma às gemas espaciais. Lester comunicou a descoberta a Bonnel. Será que Lester foi morto por ter encontrado algo ou por ter reagido a um assalto?
     -- Toda essa atividade parece que ocorre por causa das gemas! Curt disse com tristeza na voz. Precisamos de mais dados sobre elas.
     -- O mais indicado para esse assunto seria Lockley, o perito em joias interplanetárias, comentou Ezra Gurney. Costumamos consultá-lo sempre que há joias envolvidas, não é, Halk?
     O comandante assentiu com a enorme cabeça.
     -- Chame Lockley imediatamente, mandou Curt. Melhor que venha logo.
     Lockley, um senhor de idade magrelo e usando óculos, se mostrou irritadiço por ser arrebatado àquela hora da noite.
     -- Não dava para esperar o dia amanhecer? reclamou.
     -- Lamento, mas não, retorquiu Curt. Precisamos de informações e tem que ser agora.
     Os olhos alertas de Lockley bateram no anel no dedo de Curt. O perito baixinho olhou surpreso para o ruivo alto e robusto.
     -- Capitão Futuro! exclamou.
     Curt explicou rapidamente o problema.
     -- Duas pedras espaciais foram roubadas e seus donos assassinados. Um comerciante de joias em Mercúrio e este arqueólogo bem aqui. Gostaria de saber quantas gemas espaciais existem e quem são seus proprietários. Todas essas misteriosas mortes parecem envolver as gemas.
     O especialista ansiava exibir seus conhecimentos àquela altura.
     -- Até onde sabemos, somente sete pedras espaciais foram encontradas em toda a história do sistema. Possuem cores diferentes, de origem meteórica e foram coletadas por marcianos antigos pois conta-se que pertenceram aos chamados Reis Malditos há mais de 200 mil anos. Contudo, com a queda da civilização marciana, as gemas se extraviaram. Algumas parecem ter desaparecido completamente.
     -- Quantas pertencem a colecionadores conhecidos atualmente? indagou Futuro.
     Lockley deu de ombros.
     -- A gema azul, que você diz o arqueólogo possuía, não era conhecida. Somente três gemas foram catalogadas de fato. Uma estava de posse do negociante de joias mercuriano aqui mencionado. A segunda está na coleção de Harrinson Yale, um milionário terrano residindo próximo à Nova York. A terceira está no Museu Estatal de Vênus.
     -- Isso perfaz quatro gemas espaciais, Otho colocou. E o paradeiro das outras três?
     -- Não deixaram traços históricos. Simplesmente sumiram.
     Curt ponderou confiante de que as gemas eram a pista certa para o mistério todo, ele tomou uma decisão ali mesmo.
     -- Otho e eu vamos à casa ade Yale. Quero estudar a gema em sua posse.
     Minutos depois, o Capitão futuro e o androide rumavam norte em um jato-flutuador de modelo Rissman emprestado da Polícia Planetária.
     -- Porque temos que nos arrastar à 160 km por hora quando poderíamos ir na Cometa? perguntou Otho.
     -- E deixar o mundo todo saber que os Homens do Futuro estão em ação por aí? Curt o cortou bruto.
    Otho olhou para a Lua se movendo majestosa no céu estrelado.
     -- O velho Grag ficaria louco se soubesse que estamos em ação sem ele, riu-se.
     -- Eu queria que o Simon estivesse aqui, soltou Curt. O Cérebro poderia nos dar uma luz sobre esse mistério todo com as gemas.
     Ele manobrou o jato Rissman em uma curva descendente até à frente da mansão de Harrison Yale construída com liga-cromo. O distinto sexagenário, magnata aposentado, cuja coleção de joias era o principal interesse no momento, ficou estupefato ao ouvir a identidade do visitante e seu propósito noturno.
     -- Ficarei muito feliz em mostrar-lhe a gema, Capitão Futuro, expressou. Tenho orgulho dela. Paguei uma fortuna por ela.
     Ele os levou até a construção maciça do cofre que brilhava prateado sob o luar. 
     -- A porta está aberta! alardeou com horror. Os guardas se foram!
     -- Talvez o homem que procuramos chegou aqui antes, explicou Curt. Verifique a gema.
     Adentraram a torre. Yale correu para o cofre pesado de metal e rapidamente entrou com o código da trava de permutação. A porta deslizou para o lado. Ele checou as gavetas em perfeita arrumação. Raios cintilantes devolveram os brilhos das joias aos olhos de todos. Opalas leitosas de Urano brilhavam como pequenos sóis. Diamantes de gelo do distante Plutão resplandeciam. Sarcones mercurianos esplendorosamente sóbrios reluziam um negro profundo. Gemas lunares brancas dos satélites mais distantes de Saturno luziam plácidas.
     -- Nada parece estar faltando, Yale falava ao examinar nervosamente as bandejas. O grande rubi-de-fogo de Júpiter. As pérolas trigêmeas de Netuno.
     -- Mas, e a gema espacial? exasperou-se Curt.
     Yale puxou uma pequena gaveta e soltou uma exclamação de alívio.
     -- Ainda está aqui!
     Uma gema globular verde os fitava como um olho alienígena. As facetas eram perfeitas como se tivessem sido polidas de véspera. Curt, pegando um instrumento ocular de dentro de seu cinto de tungstita, se aproximou da gema. O microscópio eletrônico lhe mostrou minúsculas gravações nas facetas.
     -- É como se ela tivesse sido bombardeada com radiações pesadas, refletiu Curt.
     Pegou um pequeno projetor usado como visor de raios-X.
     -- Vamos ver se há alguma alteração sob estes raios.
     Ligando o projetor, ele se curvou sobre a gema mais uma vez. Sobressaltou-se ao ouvir uma voz curta, vinda de longe, que lhe falava na mente!
     -- "E desta feita, pus meu povo em perigo", a voz mental remota disse. "Pois eles queriam que eu os levasse ao local de onde vim. Fingi concordar e lhes disse que retornaria com muitos aparelhos iguais aos que portava comigo. Enganando-os, consegui com que me deixassem ir. Voltei ao meu mundo resolvido a jamais liberar esse perigo de novo. Será melhor para meu povo que continuem a lutar contra as agruras da vida do que a correr tal risco mais uma vez. Contudo, não querendo eliminar meu achado, gravei-o nestas gemas."
     -- Por D... eus! engasgou-se Curt. O segredo das gemas espaciais!
     -- Cuidado, chefe! gritou Otho alarmado.
     Ouviu-se um som de gatilho vindo da escuridão além da porta do cofre aberta. Um cone de energia pulsante invadiu o ambiente e dirigida à figura alta do Capitão Futuro.
     Mas, rápido como um raio, o androide pulou em cima de Curt e ambos caíram fora da mira do cone desintegrador. Sacaram as pistolas de prótons quase que imediatamente ao tocarem o chão.
     Curt sentiu a gema sendo arrancada de seu punho cerrado.
     Uma figura semi invisível correu para fora. Curt e Otho atiraram ao mesmo tempo, mas os raios de prótons finos como agulhas perderam um segundo precioso.
     -- Atrás deles! gritou Futuro.
     Ambos saltaram pelas portas abertas. Harrison Yale ficou paralisado no lugar. Nuvens passando em frente à Lua obscureciam ainda mais as árvores e os jardins do entorno. A vista sagaz de Curt perscrutou a escuridão à procura dos misteriosos atacantes.
     -- Por aqui, chefe! soltou Otho. Ouço passos correndo por ali.
     Capitão Futuro e Otho se enfiaram pelo jardim. O rugir de motores lhes chegou pela frente quando o flutuador Tark subiu pelas árvores, os propulsores deixando um rastro luminoso que rapidamente desapareceu à oeste.
     -- Vamos caçá-los! exasperou-se Otho. Ninguém vai atirar em nós de raspão e escapar assim!
     -- Deixe estar, replicou Curt. Podemos pegá-los com os instrumentos da Cometa. O nosso flutuador Rissman não vai conseguir alcançá-los com a dianteira deles.
     Curt não se mostrava tão calmo quanto sua pele bronzeada indicava. Ninguém gosta de ter a vida ameaçada numa emboscada. Mas também, ele não era do tipo que deixava a raiva embotar o raciocínio. Voltaram para o cofre das joias. Otho amaldiçoava os atacantes. Harrison Yale virou-se à entrada deles.
     -- A gema espacial? ansiou saber o colecionador.
     -- Levaram-na, Curt disse. Tinha alguém aqui dentro quando chegamos. Arrancou a joia da minha mão.
     Yale olhou incrédulo.
     -- Mas, ninguém poderia estar aqui dentro ou nós o teríamos visto.
     -- Então era alguém que não conseguimos ver.
     -- Quer dizer que alguém mais tem o segredo da invisibilidade? indagou Otho.
     -- Não era exatamente invisibilidade. Consegui discernir um vulto a se mover. Era alguém cujo corpo se torna invisível conquanto esteja parado contra uma parede. Alguém como o Homem Camaleão no show do circo hoje.
     Curt continuou antes que Otho pudesse comentar.
     -- Este mistério é bem maior do que pensava. Não se trata de um simples furto de pedras preciosas por seu valor comercial. Compreendi isso ao examinar a gema espacial. Virou-se para Yale. Lamento não poder garantir a volta da gema à sua coleção, mas farei o possível para alcançar os criminosos. Vamos, Otho. Temos que correr.




(continua... capítulo 5: Em casa, na Lua.)






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