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02 outubro 2019

Capitão Futuro e as 7 Gemas Espaciais (Capítulo 6)


Perigo no Pântano Venusiano

     "As Luas de Marte brilham mais que as estrelas
     A Lua Terrana é ainda mais bela
     A noite em Saturno se inunda de luz,
     Ainda assim não me esqueço
     Do céu nublado e sem luas da velha Vênus
     Lá no Mar Oriental,
     Onde os húmidos ventos noturnos
     Sopram do grande pântano,
     E daquela que me espera por lá!"

     Futuro, sentado na sala de controle da Cometa, dedilhava as vinte cordas do violão venusiano, seu favorito. Os músculos da face bronzeada relaxados enquanto murmurava suavemente uma das mais populares canções do planeta enevoado. O piloto automático guiava a nave gotiforme pela imensidão estrelada do espaço. À frente da nave, o disco branco do planeta Vênus se aproximava.
     -- Rapaz, você já cantou essa três vezes, Simon comentou, com suas lentes observando Curt. Pensando na Joan?
     Curt enrubesceu.
     -- Será que eu não posso cantar? Você tem andado muito racional. Vou lá para frente, logo chegaremos a Vênus.
     Guardou o instrumento. O alto e ruivo Mago Científico entrou no laboratório copiosamente equipado da Cometa. Para onde quer que fossem, eles levavam aparelhos que superavam somente àquelas da base, no subterrâneo da Lua.
     Caso houvesse necessidade de uma pesquisa astronômica, os Homens do Futuro tinham à mão telescópios e espectroscópios de última geração. Querendo checar algum ponto astrográfico, era só vasculhar os mapas estelares e tabelas variadas dos planetas, luas e asteroides, ou amostras atmosféricas dos variados mundos.
     E ainda, as aparelhagens continham microscópios capazes de ver imagens infinitesimais. O gabinete de biologia abrigava vários equipamentos de pesquisa além de guardar amostras de espécies botânicas e entomológicas de todos os nove planetas.
     A sala cirúrgica era um milagre de tão compacta e completa. Nos bancos linguísticos se encontravam amostras de cada um dos idiomas planetários, além da extensa biblioteca de microfilmes.
     Sentados um de frente para o outro, Grag e Otho jogavam Bridge Cúbico, um jogo de cartas complexo. As "cartas" eram cubos cujas faces mostravam um naipe diferente, portanto, um jogo de seis naipes. A carta-face do topo do cubo é a que contava, mas que podia se coberta pela carta correspondente do cubo do oponente, fazendo o naipe da carta-face virar outro.
     -- Venha e sente-se conosco, chefe, Otho convidou ansioso. Adaptamos o jogo para duas mãos mas é melhor com três.
     -- Otho quer começar outra rodada pois está perdendo essa, Grag acusou. Até agora, fui eu quem fechou as jogadas.
     -- Imagino. Robôs são sempre bons jogadores, desdenhou Otho. Vamos fazer uma coisa, então, Grag, já que está tão confiante. Vamos apostar de verdade. Vou apostar minha melhor pistola de prótons.
     -- E o que vai querer que eu aposte?
     Otho apontou para o canto da sala onde o ursinho de Grag mordiscava o pé de um aparelho. O bichinho não respirava ar e era capaz de comer metal ou mineral embora aquela parte de metal resistia bravamente às investidas de seus dentinhos.
     -- Aposte Ihk, disse Otho.
     Grag levantou-se indignado.
     -- Isso não é mais que um esquema seu para ficar com meu urso! Você seria capaz de trapacear para consegui-lo, só pra depois arremessá-lo escotilha afora... pois você odeia o pobre bichano.
     -- "Pobre Bichano"? bradou Otho. Esse animal é o terror dos meus uniformes! Eu não aguento mais...
     -- Nos aproximamos de Vênus, Curt Newton interrompeu. Larguem esse jogo e parem de picuinhas!
     Seguiram Curt até a cabine de comando, Grag pegou Ihk nos braços e o protegeu carinhosamente. Capitão Futuro desligou o piloto automático e tomou o controle. Testou os jatos de frenagem soltando o acelerador da Cometa que tremeu com um rugido ao comando. Vênus era um arco branco nos céus. Curt desceu em espiral em direção ao lado escuro do planeta.
     -- Melhor descer em Venusópolis à noite, pensou alto. Poderemos ir ao museu com pouco movimento à essa hora.
     Logo, a Cometa descia ruidosa através das nuvens acima do céu sem luas da noite de Vênus. Abaixo deles, a capital se espalhava entre os pântanos escuros e o enorme mar ocidental.
     -- O circo já chegou, Otho apontou para as luzes estroboscópicas à Leste da cidade.
     -- Sabia que Quorn já estava aqui, confidenciou Curt. Mas, sem pressa, Ezra e Joan estão no museu cuidando da gema.
     Desligou os motores e a Cometa pairou sobre a costa em direção à capital que se compunha de belas estruturas brancas intercaladas de jardins de estética local. Voaram em direção a uma estrutura oblonga: o Museu Estadual de Vênus. Suave, Curt pousou a nave em um dos canais que o rodeava.
     -- Vamos, instruiu. Traga Simon, Grag.
     Emergiram para a fosca escuridão venusiana com ar pesado dos fortes odores vindos da vegetação pantanosa. À entrada do grande museu, um guarda os barrou mas logo mudou de atitude ao ver o anel que Capitão Futuro lhe mostrou.
     -- O Marechal Gurney e a Agente Randall o aguardam no Salão das Pedras Preciosas.
     Curt assentiu e foi na frente pelos saguões e corredores. Entraram em um salão bem iluminado e com vitrines de glassite contendo pedras raras. O velho Gurney e Joan Randall se levantaram para cumprimentá-los. O veterano segurava uma pistola atômica.
     -- A pedra está segura? Curt perguntou ávido.
     -- Quorn não teve chance de pegá-la, disse Joan. Ela está ali, e apontou para um cofre de metal em um lado da sala.
     Ezra mancou até ele e destrancou a porta.
     -- Ninguém chegou perto desde que chegamos aqui, reiterou. Nós chegamos poucas horas antes de Quorn e o circo.
     -- Bom, replicou Curt. Primeiro eu quero ativar a mensagem da gema, ouvir parte da fórmula de Thuro Thuun e guardar a gema comigo. Em seguida, montaremos uma bela armadilha para o Dr. Quorn.
     Ezra se virou de repente, estupefato.
     -- Mas a gema não está aqui! gritou.
     -- Não pode ser! protestou Joan. Ficamos nos alternando no cofre a cada minuto. A porta nunca foi aberta!
     Mas logo depois de uma busca minuciosa descobriram que a gema fora mesmo levada.
     -- Pelos demônios de Júpiter, amaldiçoou Otho. Quorn conseguiu! Como?
     -- Claro que não foi aberta, disse Futuro com raiva. Quorn pegou a pedra sem abrir o cofre. Como não suspeitei disso antes? É óbvio!
     -- Como ele pode tê-la pego sem abrir o cofre? Joan indagou confusa.
     -- Você não se lembra como ele fez aquele roedor atravessar a placa de metal? Ele acelerou os átomos do corpo para penetrar a matéria sólida. Foi assim que fez. Ele simplesmente desmaterializou um de seus comparsas e o rematerializou dentro do cofre. Ele pegou a joia, reverteu o processo e atravessou a porta de metal.
     -- Mas nós veríamos o homem se materializar aqui fora, protestou Ezra. Eu lembro daquele caso em Júpiter. Não vimos ninguém entrar no cofre.
     -- Quorn deve ter usado a parede que dá para os fundos do cofre na outra sala, por isso nenhum de vocês viu nada, explicou Curt.
     -- Ele nos passou a perna! Otho se indignou. Esse Quorn é o demônio!
     -- Eu avisei que ele era um cientista altamente inteligente e astuto, lembrou Curt. E eu mesmo me esqueci disso.
     Não foi culpa sua, contra-argumentou Joan. Você não poderia adivinhar que a gema estaria em um cofre desses. A culpa é minha.
     -- Acusações não nos ajudam agora, cortou o Cérebro numa voz ríspida. Precisamos de um plano de ação.
     -- Posso muito bem ir até o circo, pego Quorn, quebro ele ao meio e trago as pedras espaciais, Grag ladrou.
     -- Fascinante, mas nada prático, Grag, disse Curt. Quorn deve ter guardado as joias muito bem, além de estar de sobre aviso para qualquer ataque surpresa que empreendamos. Já que ainda não temos provas contra ele, nós é que estaríamos descumprindo leis interplanetárias ao atacá-lo. 
     -- Mas nós não vamos deixar barato ele levar o segredo de Thuro Thuun bradou Otho.
     A fisionomia bronzeada de Curt fechou e as írises cinzas embotaram. Por alguns minutos em sua carreira se sentiu quase que inferiorizado perante o brilhantismo do cientista mestiço contra o qual se igualava. O Capitão Futuro não gostou da sensação.
     -- Nã vamos desistir, não, disse entre os dentes. Vai consumir tempo e recursos, mas eu tenho um plano. Sabemos que Quorn possui quatro gemas e que está atrás das outras três. Não temos provas. Ele está usando o circo em suas viagens para encobrir suas atividades. Temos que ficar de olho nele se quisermos desmembrar seu esquema e provar sua culpa.
     "Vamos nos juntar ao circo. Grudaremos em Quorn até descobrir onde guarda as gemas espaciais e o impediremos de pegar as faltosas. É o único jeito: ficar de olho nele o tempo todo sem levantar suspeitas.
     -- Nos juntar ao circo como artistas? quis saber Otho. Como vamos fazer isso? Eu não estou surfando na sua onda, chefe.
     -- Todos iriam reconhecer os Homens do Futuro, bradou Grag.
     -- Vamos nos disfarçar, seus cabeças-duras, retorquiu Curt. Otho pode ser um tipo de Ultra Acrobata de Ganimedes, ou algo assim. A gente pode cobrir o Grag com pele sintética e ele pode virar um homem tipo o mais forte do espaço. Escondemos o Simon dentro de um tipo de máquina e ele vai virar a Máquina Pensante. Quanto a mim, posso ser um domador, Kovo - o venusiano - e seus tigres pantaneiros.
     -- Tigres do pântano? repetiu Ezra de olhos esbugalhados. Mas, ninguém no Sistema jamais conseguiu domar tigres do pântano! São as mais ferozes e perigosas bestas de todos os nove mundos.
     -- Eu consigo domá-los! Curt sorriu. Depois que o Otho me ajudar a pegá-los vivos.
     -- Mais fácil é você trazer o Otho morto, gracejou o androide. Curt o ignorou.
     -- A primeira coisa é arrumar os disfarces de Grag e Simon. Vamos nos registrar separadamente para não alertar ninguém.
     Curt, os Homens do Futuro, Ezra e Joan retornaram à Cometa. Lá, Otho, mestre do disfarce, rapidamente produziu uma pele sintética emborrachada e aplicou a massa ainda quente sobre o corpanzil metálico de Grag, excluindo os olhos e a boca. Ao esfriar, a pele levemente rosada se tornou firme e flexível como a de verdade. Otho colocou óculos sobre as células foto elétricas do robô e olhou satisfeito.
     -- Você é quase humano agora, Grag, disse.
     -- Como assim, "quase"? rugiu Grag. Eu sou humano, bem mais do que você, seu filho de uma retorta de laboratório!
     -- Já acabei com o Simon, Curt interrompeu.
     O Capitão Futuro havia construído um aparato que parecia um aparato cirúrgico, com braços, mostradores e botões piscantes em um corpo cilíndrico munido de rodinhas para a locomoção.
     Curt colocou o cubo de Simon dentro do cilindro e fez as conexões necessárias. Fechou o container.
     -- Bem escondido, Simon disse. Consegue ver, ouvir e falar. Também fiz com que passeie por aí e use os braços flexíveis se quiser.
     -- Essa é novidade! Simon com corpo, comentou Otho.
     -- Não quero um corpo, cortou Simon. É muita distração para os processos mentais. Mas, vamos ver como funciono com isso.
     Curt instruiu Grag sobre o disfarce.
     -- Entendi, mestre, bradou o robô que agora parecia um gigante. Vou me chamar O Homem Colosso, e vou dizer que esta máquina aqui é um aparelho idiota que trouxe comigo. Não devo reconhecer você ou Otho quando nos encontrarmos.
     -- Isso, replicou Curt. Melhor começarem agora.
     Obediente, Grag levantou a Máquina Pensante e saiu.
     -- Agora, os tigres pantaneiros, Curt se virou para Otho. Vamos voar na Cometa até os Grandes Pântanos do Sul. Há muitos por lá.
     -- Mais do que me agrada, resmungou Otho pegando os controles. Só se morre uma vez mesmo, dizem.
     -- Como Ezra e eu podemos ajudar? perguntou Joan Randall.
     -- Quero que fiquem dentro da nave e acompanhem o que acontece no circo de uma distância segura. Ficarão em contato caso precisemos da nave. Você sabe pilotá-la, não é Ezra?
     -- Claro! Ela é bem delicada, confessou o veterano do espaço. Um leve toque no controle e ela desembesta para fora do Sistema!
     Uma hora mais tarde, Otho pousou a Cometa em uma colina lamacenta, no Grande Pântano Meridional. Curt mexeu em um instrumento pequeno em formato de peso de academia antes de Otho abrir a escotilha.
     -- Cadê sua pistola de prótons, chefe?
     -- Não vou levá-la, Otho, disse calmamente.
     Otho parou. 
     -- Vamos caçar tigres pantaneiros sem armas? OK! Combinado! Por que não, ? Estamos cansados de viver mesmo, ironizou Otho.
     Saltaram para a escuridão sobre o solo húmido. No mesmo instante, vindo de dentro da mata, uma enorme sombra de olhos saltados correu rugindo. Era um tigre, uma criatura de escamas negras, quatro pernas colunais armadas com garras afiadas. O focinho medonho se abria em uma bocarra com fileiras de presas brancas bem grandes.
     Aquela figura caindo sobre eles os fez saltar para os lados escapando ao bote surpresa. O bichano passou raspando e se virou com espantosa agilidade pronto para outra investida.
     -- Eu sabia! gritou Otho, sacando a pistola. Encurralados!
     -- Não atire, Otho! ordenou Curt.
     Ele apontou o instrumento que trouxera para a fera. O aparelho vibrou de leve quando apertou o gatilho. O tigre estacou e mal se moveu quando Curt ousou chegar perto e afagar a cabeça escamosa.
     -- Demônios do espaço! soltou Otho. Mas como...?
     -- Simples, sorriu Curt. Este aparelho é um docilizador. Eu e Simon trabalhamos nele para neutralizar as correntes neurais do cérebro deixando-as calmas como cordeirinhos. Vamos levar uma meia-dúzia delas assim.
     -- Certo, disse Otho inseguro. Mas vai ser um inferno se os seus cordeirinhos se lembrarem de voltar a si.





(continua... capítulo 7: O Circo Interplanetário)



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