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28 agosto 2019

Capitão Futuro e os Homens do Futuro (Capítulo 1)

     Vou começar com esta postagem a tradução de uma das aventuras do Capitão Futuro, o Mago da Ciência, o Homem do Amanhã.


     A série 'pulp' escrita por Edmond Hamilton na década de 1940 mostra as aventuras do Capitão Curt Newton pelo sistema solar em sua nave, a Cometa.
     O jovem Curt ficou órfão e foi criado pelo androide Otho e pelo robô Grag nas dependências dos laboratórios onde seu pai assassinado trabalhava, sob a cratera Tycho na lua terrana. Ainda tinha o personagem do Cérebro: o cérebro do maior cientista do Sistema Solar, Simon Wright, guardado em um cubo!


A série fez muito sucesso na época e ganhou versões em audio e em quadrinhos. 

     Também ganhou uma versão em anime para TV de 1978 a 1979.

     Ler o episódio número 5 - Capitão Futuro e as 7 Gemas Espaciais - foi mera curiosidade. A série é considerada uma das inspirações de Gene Rodenberry para a criação de Star Trek, por isso procurei o folhetim para ler e posto aqui no blog.



Maiores informações nestas referências: Facebook, Wikipedia.

     Bem, então vamos para o primeiro capítulo...





Capítulo Um: O Segredo Marciano

     Petrificado de surpresa, Kenneth Lester fixou o olhar na gema azul facetada.
     -- O Segredo perdido de Thuro Thuun, o mistério de eras, e parte dele bem aqui em minha mão! disse o jovem arqueólogo.
     A joia parecia fitá-lo num olhar gelado, ameaçador. As facetas, sem desgastes mesmo após incontáveis eras, refletiam o brilho branco das lâmpadas de uranita no teto do escritório.
     A sala, localizada no andar superior do grande Instituto de Ciências Interplanetárias em Nova York, continha as relíquias que o jovem cientista terrano havia trazido dos mundos longínquos. Antigas cabeças jovianas de rocha negra olhavam-no de cima. Bustos inumanos de metal, vindos das profundezas do oceano netuniano, se dependuravam nos cantos escuros. Um ídolo uraniano grotesco de madeira escura se erguia com mãos membranosas em um gesto ameaçador.
     Mas Lester estava cego à tudo exceto à estranha gema fria azul em sua palma. Mal ouvia o zunido do projetor de raios X sobre a mesa que quebrava o silêncio da meia-noite. Tampouco ouviu a porta do escritório se abrir lentamente.
     -- Parte do segredo de Thuro Thuun dentro dessa pedra espacial! disse sôfrego. O segredo que daria ao seu portador poder ilimitado... 
     Um olhar de medo distorceu o rosto do estudioso. A apreensão pesou ao sussurrar. 
     -- Se algum mal-intencionado descobrir todo o segredo seria um pesadelo!
     Ficou parado, irresoluto, temeroso, sob o brilho das lâmpadas de uranita. Com abrupta determinação, dobrou-se para o monitor sobre a mesa.
     -- Só há um homem no sistema solar a quem posso confiar essa descoberta, falou alto.
     A tela verde do monitor piscou ao entrar com a figura de um homem em uma sala elegante.
     -- Olá, professor Lester! A imagem soou. Soube que o senhor retornou de Júpiter semanas atrás. Por que não tem aparecido?
     -- Estou estudando vários objetos que trouxe comigo da Caverna dos Antigos em Júpiter, explicou brusco. Bonnel, preciso que me ajude a contatar uma pessoa.
     North Bonnel, secretário da Presidência do Governo Sistêmico, sorriu.
     -- Mas claro! Quem seria?
     -- O Capitão Futuro!
     -- Capitão Futuro? Bonnel soltou. Bem, nem o próprio Presidente pode fazer isso a não ser que seja uma emergência. Além disso, ninguém sabe por onde anda Futuro. Ele está de férias.
     -- Nunca ouvi falar que os Homens do Futuro tirassem férias!? Lester disse incrédulo.
     Bonnel deu de ombros.
     -- Foi o que o Presidente me disse também. Nem mesmo ele sabe onde o Capitão Futuro se encontra no momento. Suponho que ele saiba como avisá-lo em caso de emergência. Mas receio que seu caso não se enquadre aí, estou certo?
     -- Talvez não, disse pensativo. Embora o que descobri seja tremendo. Por favor, me chame assim que tiver os meios de contatar Futuro.
     Ao desligar, uma voz grave chegou por trás dele.
     -- Então, quer falar com o Capitão Futuro?
     O arqueólogo se virou rápido. Um homem entrara na sala sorrateiro.
     -- Dr. Ul Quorn! Lester soltou.
     Ul Quorn era um homem magro, com os pulsos e calcanhares finos e o rosto sem marcas de idade de um venusiano. Também tinha a pele vermelho pálida e a testa alta de um marciano, e ainda os olhos inteligentes e cabelos negros de um terrano. Mestiços interplanetários assim não eram incomuns nesses dias de colonização generalizada. A segregação, contudo, lhes conferira personalidades desagradáveis.
     -- O que faz aqui? perguntou Kenneth Lester com as feições duras. Como pode vir ao Instituto depois do ocorrido aqui anos atrás? 
     -- Você se refere à minha demissão e encarceramento por pesquisas ilegais? retrucou o mestiço friamente. Você ainda me culpa por aquele incidente azarado?
     -- Todo cientista decente na época o desprezou pelos experimentos horrendos que estava fazendo.
     Quorn deu de ombros.
     -- Terranos são muito sentimentaloides. Meus ancestrais marcianos, que mergulharam nas ciências bem mais do que vocês, não mostravam tais fraquezas.
     -- Mas era só o que eu esperava de um mestiço! Lester disse com desdém.
     Um brilho medonho saiu do fundo das pupilas de Quorn. Sua voz se tornou áspera.
     -- Seu terrano convencido! Sempre me olharam de cima por causa de meu sangue mestiço, mesmo sendo eu superior a vocês em praticamente todas as áreas! 
     Deu mais uma vez de ombros. A paixão que se inflamou de repente esfriou numa máscara de ironia.
     -- Mas eu não vim aqui para falar disso.
     -- E para que veio? Lester bradou.
     -- Pela pedra que tens na mão!
     Kenneth Lester, incrédulo, moveu o olhar do rosto avermelhado do mestiço para a joia azul.
     -- Esta pedra espacial? ele repetiu. Então, você sabe?
     -- Sim, meu amigo, eu sei! Quorn disse suavemente. Ela é uma das sete pedras espaciais que contém o segredo de Thuro Thuun, o maior cientista da Marte Antiga. Já tenho uma destas sete gemas, e esta aí será a segunda. Quando obter as outras cinco, dominarei o segredo. Eu, o indigente mestiço, terei o controle do maior poder científico do sistema!
     Lester olhou para as feições letais do renegado. De repente, o jovem terrano se jogou em direção ao monitor sobre a mesa.
     -- Receava que tentasse, suspirou Ul Quorn.
     O mestiço pressionou o botão de um aparelho que segurava. Um cone de energia se abriu dele e envolveu Lester, imobilizando-o numa expressão horrível e fazendo-o ir ao chão. 

     Seu corpo se revirava, mas já sem qualquer traço da vida chamada Kenneth Lester. Ao cair, largou a pedra, que foi logo arrebatada por Quorn. Calmamente e sem dar atenção ao corpo trêmulo no piso do escritório, ele segurou a joia contra o brilho do projetor de raios X. Atento, parecia escutar algo. O triunfo brilhou dentro dos olhos negros.
     -- Duas! sussurrou. Duas partes do segredo são minhas! E quando tiver as outras...
     Um ruído veio dos distantes arranha-céus iluminados de Nova York tirando-o do devaneio. Enfiando a pedra no bolso, caminhou sem pressa para a porta. Parou. Mirou uma estatueta venusiana de uma linda garota ajoelhada.
     -- Original, murmurou. E saiu em silêncio daquele ambiente de morte.
     Na calada da noite, a luz do letreiro dourado flamejava no céu de Nova York: 


CIDADE PARQUE
CENTRO DE LAZER DOS NOVE PLANETAS

     A Cidade Parque brilhava em fachos multicoloridos. Brinquedos mecânicos rodopiavam visitantes esbaforidos em voltas estonteantes.  Jogos de sorte e habilidades atraíam multidões. Promotores bradavam em alto volume as atrações sem igual de seus patrões extraplanetários.
     Marcianos, uranianos, mercurianos e jovianos, gente de todos os mundos circulavam por entre as alamedas.
     Três terranos que passeavam por entre a multidão pareciam se divertir a valer. Um dos homens tinha 1,95 de altura e usava um macacão de piloto surrado que cobria ombros largos e músculos firmes. Um boné abraçava madeixas encaracoladas ruivas. Sob o boné, um rosto bronzeado e bonito cingido por olhos cinzas e penetrantes que brilhavam em ânsia infantil.
     -- Faz tempo não me divirto tanto! ele riu. Aquele brinquedo do foguete foi legal, não foi?
     O outro homem e a moça se viraram para ele.
     -- Você achou aquele brinquedo bobo, excitante? perguntou a mulher sem acreditar. Você, o Capitão Futuro?
     Curtis Newton, o jovem e robusto ruivo conhecido por todo o  Sistema Solar como o Capitão Futuro, sorriu.
     -- Claro que foi divertido, Joan. Por que não?
     Joan Randall balançou a cabeça.
     -- Eu não entendo. Você já esteve em tudo quanto é canto do sistema. Viu coisas que nenhuma criatura aqui sequer sonha em ver. Já viajou milhares de vezes mais rápido do que qualquer coisa por aqui, e ainda se diverte com os brinquedos aqui.
     -- Mas é diferente do que estou acostumado, por isso acho excitante, e são ótimas férias para o Otho e para mim. Ser só um cidadão comum para variar, não é, Otho?
     -- Você é quem diz, chefe. Replicou o outro. Estou me divertindo, sim. Foi uma ótima ideia vir à Terra incógnito.
     O homem chamado Otho parecia um terrano magro, jovem de estatura média, mas com a pele um tanto 'emborrachada'.
     A face pálida e os olhos verdes ligeiramente puxados lhe davam um ar despreocupado. Na verdade, ele era um androide e um dos famosos Homens do Futuro de Curt Newton. Mesmo criado em laboratório com tecidos sintéticos, ele possuía inteligência, ousadia, agilidade e qualidades além daquelas que qualquer ser humano possui.
     -- O velho Grag gostaria de ter vindo também. Otho riu olhando para a lua cheia no céu estrelado. Ele não gostou de ficar na lua com Simon!
     -- Tenha vergonha! Joan o repreendeu. Largou seu amigo lá e se ri disso.
     -- Aquele robô desengonçado, meu amigo? Exclamou Otho. Por mim, ele já seria um monte de sucata há muito tempo.
     -- Vamos ouvir esse aqui, interrompeu Curt. Parece interessante, não é?
     -- Por aqui, por aqui! As dançarinas do lado quente de Mercúrio!
     -- Venham e cavalguem um cavalo saturniano de seis pernas. Totalmente seguro!
     Por entre berros, veio aquele a que o Capitão Futuro se referia.
     -- Visitem o Museu do Capitão Futuro! Conheçam todas as façanhas deste Mago da Ciência e dos Homens do Futuro!
     -- Mas isto é uma farça absurda! Indignou-se Joan.
     -- E é mesmo, sorriu Futuro. Mas vamos entrar e ver nossas proezas. Tem certeza que tudo neste show é autêntico? Perguntou ao bilheteiro em tom solene.
     -- Meu camarada, nós conseguimos reunir tudo isto aqui com o próprio Capitão Futuro, mentiu.
     Entraram sorrindo junto com uma multidão em um pavilhão enorme rodeado de exibições e modelos. Um homem obeso e de rosto afogueado berrava para uma plateia atenta.
     -- Meus amigos, todos já ouviram falar do Capitão Futuro, este mago cientista que vive na lua lá em cima com seus três homens do Futuro. Sabem que ele já esmagou dezenas de supercriminosos e perigos tecnológicos que ameaçavam as vidas nos nove mundos? Vocês jamais viram Futuro ou seus amigos. Poucos os viram. Mas todos sabem que quando somos ameaçados, são eles que aparecem sem hesitar. Muito bem, agora vocês vão aprender tudo sobre o Capitão Futuro e os Homens do Futuro.
     "Para começar, amigos, Futuro mora na cratera Tycho, na Lua. Ele tem uma casa e um belo laboratório, e é lá que ele guarda aquela super nave espacial de que já ouvimos falar, a Cometa. Ele e seus amigos são os únicos a habitar a Lua, e podem apostar que ninguém os incomoda.
     -- Já sabemos disso tudo. Reclamou um homem ao lado de Curt. Nos diga qual é o nome verdadeiro dele e de onde ele veio!
     -- Já chego aí, irmão, bradou solene o mestre de cerimônias. Baixando a voz, disse: Amigos, vocês acham que o Capitão Futuro é terrano. Bem, ele não é. Futuro é na verdade um homem de Sírius!
     Burburinhos de surpresa se elevaram.
     -- Mas que baboseira! Joan sussurrou indignada.
     -- Sim, mas o cara até que tem imaginação, replicou Curt.
     -- Esse homem veio de Sírius e se estabeleceu na lua anos atrás. É aí que começa o Capitão Futuro, minha gente.
     O sorriso no rosto de Curt Newton se apagou. Já não ouvia os absurdos contados pelo MC. Sua mente voltou ao verdadeiro começo da carreira como O Mago da Ciência.




(continua... capítulo 2: As férias de Newton terminam)





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