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13 novembro 2019

Capitão Futuro e as 7 Gemas Espaciais (Capítulo 14)




Enxame de Meteoros
  
     Lentamente, o Capitão Futuro foi voltando a si. A cabeça latejando de dor pelo golpe recebido no circo. Estava amarrado a uma viga de metal e o ruído ambiente lhe indicava estar em uma nave. Curt Newton era um exímio conhecedor de espaçonaves, sabia diferenciá-las só pelo barulho dos propulsores. O fremir surdo de um cargueiro Cruh-Cholo era bem diferente da batida staccato de um modelo ligeiro Kalber, ou do apito contínuo dos modelos Tark. Ele reconheceu o zumbido contínuo característico dos iates Rissman e logo lhe veio a lembrança de ter entrado no cruzador de Quorn à procura das gemas escondidas no cíclotron primário da nave. Foi aí que...
     -- Atacado e capturado como um novato inexperiente! resmungou. Como foi que conseguiram se aproximar tão sorrateiramente?
     Abriu os olhos doloridos. O tinham amarrado em um canto da cabine, uma pequena escotilha redonda lhe dava visão parcial do espaço estrelado.
     -- Estamos voando pelo cinturão, sussurrou observando a posição dos astros. Direto para o Planeta dos Prazeres. Claro!
     Curt se retesou quando a porta se abriu e N'rala entrou junto com Quorn acompanhados pelo Auscultador e o Homem Camaleão. A fisionomia de Quorn era neutra, mas seus olhos mostravam exultação e ironia ao cumprimentar Curt com excesso de polidez.
     -- Sente-se melhor Capitão Futuro? Lamento, mas não pude vim ver como estava antes, estava planejando a rota pela zona de asteroides.
     -- Como me atacou sem eu notar? Curt indagou friamente. Quero saber... por curiosidade técnica.
     -- Com prazer. Meus artistas plutonianos são mestres na arte do bumerangue sônico. Sempre atingem a vítima mesmo que esteja atrás de alguma quina. E, também só por curiosidade técnica, Futuro, como que eu não consegui matá-lo no circo? Apontei o desintegrador várias vezes para você quando não estava olhando e não obtive qualquer efeito!
     Curt sorriu.
     -- Foi fácil. Eu descobri, ao examinar o corpo de Lester, que uma determinada substância oferecia um bloqueio contra o efeito da arma. Eu apliquei a substância no disfarce de Korvo, já que Otho não precisou, pois sua pele sintética não é afetada pelos raios.
     -- Você é brilhante mesmo, Futuro! exclamou Quorn.
     -- Bem, após s troca de elogios, como vai ser? Curt exclamou calmo.
     -- Primeiro, a gema espacial que você arrebatou em Deimos de Rok Olor, instruiu o mestiço quase que com prazer na voz. Você me passou bonito nessa aí, Futuro! Mas, sei que ela está aí com você.
     Curt desejou não estar com a gema no cinto pois uma rápida procura pelas mãos do Auscultador foi o suficiente para achá-la. Os olhos de Ul Quorn brilharam refletidas nas facetas da gema.
     -- Cinco, sussurrou. Cinco partes do segredo de Thuro Thuun. Só faltam duas...
     -- Duas gemas mais, Curt retorquiu. A menos que me engane, só há mais uma gema. A sétima gema não faz parte da fórmula mas contem o cerne do segredo, estou certo? 
     Quorn mostrou espanto.
     -- Você desvendou o segredo? Deve ser o único ser, além de mim, que conseguiu isso.
     -- Por que você não o mata logo? gritou N'rala, impaciente e cheia de ódio.
     -- Logo, minha querida, Quorn ironizou. Quero ter certeza de que a gema não é uma gema falsa. Também quero que ele saiba quem eu sou realmente, antes de morrer.
     -- Sei bem quem você é, Quorn, a voz de Curt cheia de desdém. Você é um cientista renegado que pensa em trazer a ruína a mundos inteiros.
     -- Meu nome não é Quorn, disse o mestiço, se é que isso é alguma surpresa para você! O nome de minha mãe era Quorn, mas o de meu pai terrano era Corvo.
     -- Corvo? repetiu Futuro surpreso. Quer dizer que seu pai era...
     -- ...Vi-c-to-r Cor-vo, Quorn frisou lentamente. Ele foi morto pelo seu robô, o androide e o Cérebro lá na Lua anos atrás quando éramos pequenos. Agora sabes o por que do meu ódio contra a vocês.
     -- Então foi isso que o Simon, Grag e Otho viram em você. Curt Newton disse com a fisionomia endurecida. Seu pai mereceu morrer, Quorn. Ele assassinou meus pais para roubar-lhes segredos científicos. Era um criminoso sem escrúpulos.
     -- Mas era meu pai, replicou Ul Quorn. Nós, marcianos carregamos nossas rixas por gerações. Esperei muito tempo para cobrar essa dívida de você e dos Homens do Futuro. Quorn se virou para o Homem Camaleão. Fique de olho nele enquanto comparo esta gema com as demais. Se for verdadeira não adiarei nem mais um minuto o prazer de livrar o Sistema do Capitão Futuro.
     Quorn deixou a cabine junto com os outros dois. O Camaleão ficou de pé em alerta com uma pistola atômica na mão e uma expressão tensa no rosto. Capitão Futuro deixou de lado o parentesco inesperado de Quorn com Victor Corvo, assassino de seu pai, e focou na imediata necessidade de escapar da cela.
     Como? Estava atado à pilastra no canto da cabine com tiras de couro plutoniano. Poderia tentar se desamarrar com algum dos truques que conhecia, mas o Homem Camaleão o iria impedir na certa. Pensou em todas as possibilidades remoendo-as na mente como se tentasse resolver uma equação matemática complexa. Ideias vinham e eram descartadas com muita rapidez pela adrenalina.
     O saturniano de olhos azuis, capaz de alterar a cor da pele à vontade, o observava atento. De vez em quando, o alarme de meteoros soava na sala de comando seguido do acionamento dos jatos auxiliares manobrando fora de alcance dos projéteis rochosos que pululavam na vastidão do campo de asteroides. Cada vez que o cruzador se ajustava no espaço, o saturniano perdia um pouco o equilíbrio pendendo de um lado para um lado.
     Curt notou o movimento. O fato de suas pernas estarem livres, sem amarras, deu a ele a vantagem de ação que desejava. Esperou nervoso pelo alarme seguinte soar. E ele tocou três vezes indicando a posição em frente e à direita do curso. O cruzador virou com força para a esquerda. Curt soltou um grunhido. Por que os meteoros não apareceram do outro lado? 
     Mas aí, seu desejo se realizou. O alarme tocou duas vezes, avisando do perigo pela esquerda. Curt encolheu as pernas um pouco. No segundo seguinte, como esperado, o iate fez uma manobra fechada para a direita. O Homem Camaleão perdeu o balanço mais uma vez, pendendo para o lado de Curt.
     Capitão Futuro estendeu as pernas de repente golpeando o estômago do guarda. O saturniano caiu para trás sem fôlego, incapaz de gritar. A cabeça bateu ruidosamente na parede deixando-o sem sentidos. Curt começou a se livrar dos couros que o prendiam à viga. Com movimentos musculares e o punho dolorosamente deslocado por alguns instantes, ele conseguiu, com a ajuda dos dentes e muita persistência, afrouxar uma das mãos.
     O Camaleão já voltava a si. Curt se apressou a livrar a outra mão. O guarda tonteou ao ficar de pé assim que Futuro se libertou de vez. O Camaleão segurou firme a pistola e apontou para Curt que se jogando em cima da arma forçou-a para fora da mira. Com o impacto do peso de Futuro, a arma, que já havia sido disparada foi empurrada na direção do atirador, abrindo um buraco em seu torso. Caiu morto e Curt percebeu o perigo que atraíra para si. Tinha que sair da nave levando as cinco gemas junto se possível. O principal era escapar e chegar até o Planeta dos Prazeres antes de Quorn. Entrar em combate com os membros da trupe estava fora de questão, o risco era muito alto. Um estratagema! O que pode servir? Seus olhos bateram no Homem Camaleão.
     -- É isso aí! respirou fundo.
     Curt ainda vestia o cinto que trazia o kit de maquiagem e disfarces. Pegou o material e começou a aplicar no corpo do Camaleão.
     Placas de cerumita mudaram as feições, uma peruca ruiva encaracolada foi colada no crânio, e creme foi espalhado na pele do rosto e das mãos para dar o aspecto bronzeado sobre a pele azulada. Trocou de macacão com o morto e enfiou o anel-emblema no dedo dele.
     -- Posso recuperá-lo depois, caso meu plano funcione, murmurou. Vou ter que arriscar o anel de qualquer jeito.
     A transformação ficou boa e agora o Camaleão morto era uma cópia fiel do próprio Capitão Futuro. Curt amarrou o corpo na viga, e trabalhou no próprio disfarce: tingiu a pele de azul, o cabelo e alterou as feições. A troca de identidades havia terminado.
     -- Espero que dê certo, disse tenso. Tem que dar. Os passos fora da cabine indicaram a volta de Quorn. Curt enfiou a pistola no próprio cinto. Olhou com nervosismo para Quorn, N'rala e o Auscultador ao entrarem. Ao ver o homem morto, voltou-se furioso para Curt!
     -- Seu idiota! Por que o matou?
     -- Ele tentou escapar, Curt respondeu com voz de falsete, imitando o timbre do Camaleão. Tive que impedi-lo.
     -- Deveria ter me chamado, explodiu Quorn. Queria ter tido o prazer de vê-lo estrebuchar até à morte.
     -- Acho que ele nem iria piscar, N'rala fitou pensativa o  falso Futuro amarrado à pilastra. Ele não era esse tipo de homem.
     A raiva de Quorn se esvaiu ao mirar o corpo.
     -- Você tem razão, admitiu. O homem era um verdadeiro gênio embora seguisse ideais altruístas muito bobos. Mesmo agora depois de ver parte da rixa da família paga, sinto remorsos de ter extinguido tamanho cientista. Quorn deu de ombros. Enfim, não vale a pena ser sentimental. Jogue o corpo ao espaço.
     Curt ajudou o Auscultador a arremessar o morto pela escotilha. Sentiu-se estranho ao ver como o cadáver saía flutuando à deriva no vácuo.
     Quorn observou as centenas de pontos luminosos que preenchiam a visão da zona de asteroides do cinturão.
     -- Vamos para o Planeta dos Prazeres... e para as duas gemas, disse para N'rala. Elas completarão a coleção.
     -- São mais difíceis de pegar, avisou a mulher. Bubas Uum é astuto. Enganá-lo vai ser tarefa pesada.
     -- Consegui vencer o invencível Capitão Futuro, não foi? lembrou Quorn.
     
     Capitão Futuro passou pelo corredor que levava até a sala de máquinas e entrou. Os seis blocos maciças do cíclotron produziam a energia atômica necessária à locomoção do iate. Sendo praticamente autônomas e controladas da ponte da nave, não havia ninguém em serviço. Curt agarrou uma chave de grifa e começou a trabalhar no cíclotron número um removendo o anteparo antirradiação.
     -- Se eu puder pegar as gemas e sair dessa droga de nave, estarei no lucro, arfou. O asteroide do Ermitão Espacial não é muito longe daqui. Posso contatar a Cometa de lá!
     -- O que está fazendo?
     Curt virou-se assustado com a voz do Auscultador parado na porta. Havia detectado o som que Curt estava fazendo e veio investigar.
     Seus olhos diziam que daria o alarme. Curt acertou-lhe com a coronha da arma mas o assecla ainda conseguiu soltar um grito!
    Gritos de resposta vieram da proa. Curt soube que era tarde para levar as gemas. As suspeitas de Quorn exporiam o embuste.
     -- Tenho que sair daqui agora, ou nunca!
     Entrou no vestíbulo da escotilha externa e apanhou um traje espacial e um propulsor individual. Ajustou-se dentro do traje o mais rápido que pode. Tinha que chegar ao Planeta de Bubas Uum antes de Quorn. Conseguir as duas gemas restantes era imperativo naquele momento. Era muito tarde para as que estavam enfiadas no motor. Quorn já sabia o segredo contido nelas mesmo.
     Curt viu Quorn, os anões plutonianos e os outros capangas passarem correndo. Pressionou o botão para liberar a porta externa da escotilha. O ar chiou com força para o espaço e Curt se empurrou para o negrume do nada estrelado, longe da nave e da sua atração gravitacional.
     Olhou para a nave se afastando em alta velocidade mas mordeu os lábios ao ver, instantes depois, ela dando meia volta.
     -- É perseguição! exclamou. Sua mente racional entrou em alerta e decidiu rumar para um aglomerado móvel de asteroides próximo, um dos vários grupos que viajavam em formação dentro do cinturão.
     -- Aquele deve dar, só tenho que chegar lá.
     O empuxo do propulsor o arremessou para a massa de petardos em movimento constante. Quorn não ousaria entrar no aglomerado com ele. Ele mesmo não pensava no fato de estar correndo risco mortal.
     Ligou e desligou o motor várias vezes para tentar alcançar bem rápido o campo de meteoros viajantes, alguns pequenos como grãos de areia, outros bem volumosos.
     Olhou para trás e a Rissman o seguia com os motores à toda. Quorn entendeu a manobra de Curt e tentava impedi-lo...





(continua... capítulo 15: O Eremita Espacial) 
 





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