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13 dezembro 2019

Capitão Futuro e as 7 Gemas Espaciais (Capítulo 16)




O Planeta dos Prazeres
  
     "A autoridade do Governo do Sistema Solar e suas leis se estendem a todo corpo celeste que gira em torno do Sol."

     Os legisladores de tal disposição no sistema quiseram assegurar a ordem em cada unidade de matéria no Sistema, seja um planeta, lua ou asteroide. Contudo, eles não contavam com a aguçada esperteza de um certo joviano chamado Bubas Uum que encontrou uma brecha na lei.
     Bubas Uum era um jogador inveterado famoso cujas atividades ilegais lhe renderam alguns anos na prisão de Cérbero, uma das luas de Plutão. Ele havia aberto na época um cassino no meio das florestas desse mundo. Detido após uma operação policial, decidiu não burlar mais as leis do sistema. Sonegar era mais lucrativo e menos estressante.
     Através de uma empresa fantasma, Bubas Uum adquiriu um título de propriedade de um asteroide no anel externo do cinturão onde instalou palácios de jogatina e jardins, tudo debaixo do nariz da polícia, que por sua vez, esperava ansiosa para prendê-lo de vez no dia da inauguração.
     Foi aí que Bubas Uum lançou a cartada final. Secretamente, ele havia equipado o asteroide com motores de propulsão, potentes o bastante para mover o rochedo espacial para onde bem entendesse, como uma espaçonave. Então, ao ligar os motores, a força do empuxo foi usada para frear o asteroide, e mantê-lo estacionado no espaço.
     Dessa forma, o Planeta dos Prazeres, como foi chamado, não girava mais em torno do Sol, mas permanecia parado no lugar. Assim, burlou a Constituição e livrou seu mundo da jurisdição do Sistema. A Polícia Planetária nada podia fazer a não ser responder à autoridade de seu único dono, o obeso e ardiloso Bubas Uum.
     Era o mundo sem lei do Sol. Jogos ilegais e drogas ilícitas eram comercializadas e distribuídas abertamente. As únicas restrições eram discretamente impostas pelos seguranças de uniforme dourado. De todos os nove mundos chegavam diariamente os abastados, os entediados e os desocupados que se entregavam sem moderação aos gozos fáceis.
     Era esse mundo que ficou à vista da cabine da Cometa. Curt Newton olhou pensativo para o asteroide que brilhava no céu estrelado.
     -- Leve-nos para o lado noturno, Otho, ordenou. A Cidade das Oportunidades, como Bubas chama seu resort, é lá.
     -- Eu ainda não entendo o que você e a Joan sozinhos vão conseguir contra o balofo do Bubas Uum e Quorn, reclamou Ezra.
     Durante a curta viagem, Curt havia mudado sua aparência mais uma vez. Com uma cabeleira negra e a pele bem pálida, vestia um traje de cetim da moda. Joan se caracterizara como uma filhinha-do-papai, rica e mimada.
     -- Bubas Uum está de posse das duas gemas espaciais. Temos que pegá-las antes de Quorn, explicou Curt. Seria impossível invadir os cofres de Uum, que os guarda com uma diabólica engenhosidade, como já testemunharam vários larápios ingênuos. O melhor meio de haver as gemas é tentar ganhá-las no jogo.
     -- É uma ótima oportunidade de você quebrar-lhe a banca! disse Ezra. Como é que todos os que vêm para este covil vão embora lisos, sem nem um centavo? Ele depena todos!
     -- Isso mesmo, admitiu Curt. Por mais viciado que estejam as mesas de jogos, pode ser que eu consiga ser mais esperto que elas.
     -- Agora entendi, Chefe, Otho riu. Você vai tentar superar Bubas jogando as mesmas cartas!
     -- Essa é a ideia, disse o Cap. Futuro. Vou usar fogo contra fogo. Eu só quero as gemas espaciais. Todo o resto que vier de lucro pode ir para os projetos de caridade interplanetários. Vão ter melhor uso do que no bolso daquele cretino.
     -- E nós aqui, Mestre? perguntou Grag. Não vamos contigo?
     -- Preste a atenção, Grag, mexeu Otho. Vai ser uma festa você aparecer lá tilintando esse metal todo e expondo o disfarce do chefe!
     -- Enquanto eu e Joan estivermos lá, disse Curt a Otho, quero que tente encontrar Quorn e seus lacaios metidos, e o que andam fazendo. Com certeza, Quorn vai estar maquinando para pegar as gemas. Isso não pode acontecer! E você, Simon, dá para checar uma teoria para mim? Lembra-se dos nossos experimentos com compressão atômica? Será que pode verificar o alcance do processo de compressão? Grag vai ficar e te ajudar.
     As antenas lenticulares se fixaram nele.
     -- Rapaz, você quer dizer que Thuro Thuun e a fórmula secreta tem a ver com esse processo? Mas que fantástico!
     -- Talvez, mas tenho medo que seja verdade, retorquiu Curt. Agora você sabe por que estou ansioso, Simon.
     -- Claro, são mundos inteiros que sofrerão...
     Um calafrio perpassou a espinha de todos os presentes.
     Entrando no lado escuro, Chefe, Otho falou enquanto pilotava. Chegaremos lá na Cidade das Oportunidades em meia hora.
     -- Aterrisse no espaço porto sem chamar a atenção, ordenou Curt.
     A Cometa voou baixo por sobre a superfície do lado escuro do Planeta dos Prazeres. Jardins brilhavam sob a luz das estrelas nos parques logo abaixo. Passaram por uma usina atômica gigantesca em cujo centro distinguiam-se os tubos de propulsão na área do equador e cuspindo fogo.
     -- Lá estão os exaustores que mantém o Planeta dos Prazeres em sua órbita estacionária no espaço, comentou Ezra. Para o inferno com esse Bubas Uum!
     -- Olhem a Cidade das Oportunidades, disse Joan com entusiasmo.
     Erguia-se no horizonte como uma massa de torres brilhando em azul, vermelho e dourado. Hotéis, teatros, casas de diversão, todas se espalhavam em volta do Palácio da Fortuna, título que Bubas Uum dava de forma grandiloquente ao seu principal cassino. A Cometa desceu em um parque vazio não muito longe dos holofotes do espaçoporto. 
     O Cap. Futuro verificou se o aparelho que havia posto em seu cinto estava funcionando e virou-se para Joan.
     -- Certo, lembre-se de seu papel.
     -- Sempre quis bancar a pobre menina rica. Vou aproveitar a chance.
     -- Você e Grag sabem o que fazer, disse a Otho ao abrir a escotilha. E, Simon, trabalhe na teoria.
     O Mago da Ciência e a agente pisaram na noite calma do Planeta dos Prazeres. O ar estava fragrante, odores de ervas e flores de plantas estranhas suavizavam o cheiro forte característico da atmosfera sintética.
     Andando pela relva rala, o casal contornou o espaçoporto lotado de naves e iates de luxo que transportaram a clientela em busca de farra.
     Entraram na cidade como se fossem recém-chegados. Uma avenida larga pavimentada com mosaicos de mármore uraniano, ladeada com altas e graciosas árvores piam de Vênus e que levava diretamente pela cidade até o dourado Palácio da Fortuna.
     Seres ricamente trajados e de todos os planetas, assim como veículos variados, passavam pelos dois. A música saía alegre pelas portas dos mais variados estabelecimentos de prazer, muitas risadas, conversas e gargalhadas altas. Sob a noite esplendorosa, de estrelas e rastos de meteoros, a Cidade das Oportunidades era magnífica.
     Contudo, Cap. Futuro sabia discernir a tensão nas fisionomias. Risadas forçadas. Tinha noção de quantas pessoas vieram ao planeta para férias merecidas e partiam falidas, totalmente 'limpas' de suas posses com os jogos de Bubas Uum.
     -- Alguém já deveria ter dado cabo desse lugar, murmurou, já que não responde mesmo às leis vigentes.
     Mesmo com essas ideias na cabeça, Curt Newton cuidava para que seu semblante expressasse todo o tédio que um terrano rico e sofisticado poderia demonstrar. Ele e Joan olhavam displicentemente à tudo em volta até alcançarem os portões do Palácio.
     -- Me sinto com sorte hoje, disse Curt, alto o suficiente para ser entendido. Vamos tentar a sorte na rádio-roleta.
     -- É... bem... di-fí-cil, até... para você, falou Joan arrastando as sílabas.
     -- Se eu perder alguns milhares, Curt soltou casual, eu ligo para o 'papai' pedindo mais e o velhote me manda.
     Subiram os degraus da grand escadaria do vestíbulo com teto abobadado do Palácio. Aqui e ali notaram os brutamontes em uniforme dourado que compunham a polícia privativa de Bubas Uum.
     -- Bem-vindos ao Palácio da Fortuna, cumprimentou um oficial uraniano esquisito. Procuram a rádio-roleta? Sigam em frente.
     Passaram por outros salões de jogos: o salão de caça-níqueis, onde jogadores sem tempo a perder tentavam alinhar os nove planetas no mostrador e ganhar o grande prêmio; e o salão do dado quântico, com mesas de jogos barulhentas.
     O salão da rádio-roleta era o maior pois o jogo pagava mais alto. Era um salão todo prateado com o teto também em cúpula, decorado com lâmpadas em formato de estrelas e com brilho suave. No centro, a mesa enorme se rodeava de uma pequena multidão. Curt abriu caminho até a mesa.
     -- Podemos nos juntar ao jogo? reclamou. Quero jogar, não assistir.
     -- Melhor entrar depois, terrano, avisou um venusiano ao seu lado. Tem um marciano ali que está ganhando milhões. Não dá para competir.
     -- Não estou com medo, Curt respondeu sem dar muita atenção.
     Conseguiram chegar na ponta da mesa e levaram um choque, do outro lado da mesa, sentados, estavam Ul Quorn e N'rala.
     
   
  O mestiço marciano de tez moreno-avermelhada jogava impassível. Em frente estavam empilhadas fichas de prata no valor de mil dólares, e uma outra pilha de fichas de cem mil, douradas.
     Bubas Uum, o notório proprietário, sentava-se à ponta da mesa observando Ul Quorn. Ele era repulsivamente obeso. Seu corpanzil de proporções paquidérmicas sobrava da poltrona e sua pele esverdeada transpirava luzidia. Os pequenos olhos mostravam alarme.
     -- Bubas Uum está preocupado, riu o venusiano, agora atrás de Curt. O marciano já levou milhões e continua jogando.
     Ul Quorn levantou a cabeça e viu Joan e Curt se acomodarem na mesa. Mas não pareceu distinguir os inimigos por trás dos disfarces.
     -- Um milhão no 28, disse Quorn tranquilo.
     O croupier saturniano olhou para Bubas Uum.
     -- Aceite, disse o Joviano com voz dura.
     Outros jogadores em volta da mesa fizeram apostas módicas e o croupier saturniano ligou a roleta. O equipamento do do jogo era formado por um vaso globular de quase um metro de diâmetro assentado no meio da mesa. O vaso continha 100 pequenos entalhes numerados. Do centro do vaso saía uma coluna em cuja ponta existia um grão de rádio puro.
     Curt conhecia bem o princípio da roleta. A coluna com o grão de rádio giraria suavemente durante dois minutos até que um raio de nêutrons vindo do teto atingisse o grão de modo a liberar um único átomo de rádio, produzindo assim, partículas alfa. O número vencedor era aquele que atraísse as partículas. Era praticamente impossível trapacear nesse jogo criado com parâmetros científicos estreitos.
     O raio brilhou de repente do grão de rádio no instante que atingiu um átomo, e brilhou de novo em um entalhe próximo a Quorn.
     -- Número 28 ganha! disse o croupier espantando-se.
     Murmúrios de surpresa saíram dos espectadores.
     -- Banca, pague trinta milhões em fichas ao ganhador, comandou Bubas com suor pingando no queixo.
     O funcionário empurrou as fichas de platina para Quorn, que não as deixou onde pararam.
     -- Todos os trinta e um milhões no mesmo número, disse.
     Dessa vez ouviu-se vários gritos da plateia.
     -- Trinta e um milhões em um único número! Caso o marciano ganhe duas vezes mais, ele vai ganhar o Planeta de Bubas!
     -- Isso, pensou Futuro, é o que Quorn está tentando fazer, quebrar a banca de Uum e levar as joias. Minha ideia exatamente, e usando os mesmos meios técnicos que faz ele ganhar todas. Curt ligou o pequeno instrumento sob seu casaco bem discretamente. Veremos à quantas anda a sorte de Quorn.


   
    Futuro colocou um maço de notas sobre a mesa.
     -- Quinze mil no número 17, disse alto.
     Ul Quorn nem se mexeu. O marciano estava certo de vencer mais uma rodada. O croupier ligou a coluna no mesmo instante que Curt ligou o seu instrumento. Era um mecanismo que emitia um forte campo energético na forma de um raio fino. O campo magnético desviava as partículas alfa em movimento. Curt queria usar o mesmo princípio que Quorn usava para ganhar. As partículas alfa luziram.
     -- Número 17! gritou a banca enquanto empurrava fichas no valor de um milhão e meio para o lado de Curt, e em seguida coletou os trinta e um milhões de Quorn. Ele e N'rala se entreolharam céticos.
     -- Eles não entenderam como o aparelho deles falhou, refletiu.
     Com os olhos cerrados, Quorn reconheceu os jogadores intrometidos.
     -- Olá! disse com frieza para Curt. Não havia percebido vocês antes.
     -- Bom vê-lo de novo, sorriu Curt. Ao que parece, estamos competindo pela banca.
     -- Façam suas apostas, o croupier anunciou.
     E começou mais uma rodada de apostas cujo prêmio era o destino de mundos inteiros!




(continua... capítulo 17: As últimas gemas espaciais)  







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