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26 setembro 2019

Capitão Futuro e as 7 Gemas Espaciais (Capítulo 5)


Em casa, na Lua

     Voando para Nova Iorque dentro do pequeno Rissman, Otho perguntou ansioso:
     -- Qual o problema, chefe? Vamos voltar à pista? Um brilho acendeu nos olhos do androide.
     -- Sim, Curt respondeu sério. Tenho uma ideia.
     Só entrou em maiores detalhes quando chegaram ao escritório de Lester, no Instituto de Ciências Interplanetárias. Lá, com Joan, Ezra Gurney e o comandante Anders, Curt explicou rapidamente.
     -- Tem alguma coisa por trás do roubo dessas gemas. Elas parecem conter um segredo. Se estiver certo, cada gema contém uma parte do segredo.
     -- Como é que pode sete gemas conterem um segredo? duvidou Ezra.
     -- Ele está gravado nelas através de transcrição mental, declarou Curt e sorriu com a cara de espanto dos ouvintes. Psicólogos descobriram há tempos, que o pensamento é na verdade uma vibração elétrica emitida pelo padrão neural eletroquímico do cérebro e pode ser transcrito de forma permanente como o som e a luz. Várias substâncias podem servir de meio para a gravação do pensamento e tocadas ou lidas quando este meio é estimulado por radiações. O isótopo de carbono que forma as gemas espaciais permite isso. Ao examinar a gema em posse de Yale com os raios-X, antes dela ser levada, recebi uma transmissão mental. Tenho certeza que as demais seis gemas espaciais contêm transcrições similares e que, em conjunto, guardam o segredo.
     Otho soltou uma exclamação excitada e apontou para o pequeno projetor de raios-X sobre a mesa de Lester.
     -- Chefe, Lester estava usando aquele projetor! Aposto que examinava a gema espacial quando acidentalmente também 'ouviu' a transmissão mental.
     -- Qual foi exatamente a mensagem que você recebeu da gema que examinou? Joan quiz saber.
      -- "E desta feita, pus meu povo em perigo pois eles queriam que eu os levasse ao local de onde vim. Fingi concordar..." Curt repetiu palavra por palavra.
     -- O que isso quer dizer? Ezra inquiriu confuso.
     -- Não quer dizer muita coisa sem o restante da mensagem contida nas outras. Curt admitiu.
     -- Como sabe que o segredo é tão importante assim? Otho estava cético.
     -- Algum de vocês já ouviu falar de Thuro Thuun? Curt indagou, as írises cinzentas olhando todos. Quando sacudiram as cabeças em negação, ele continuou devagar.
Não quero dizer que tenham realmente ouvido sobre ele a não ser que fossem arqueólogos como Lester.
     -- Não compreendo, chefe, reclamou Otho. Quem era esse Thuro Thuun?
     -- Foi considerado o maior cientista da Marte Antiga, talvez o maior cientista das civilizações de outrora. Viveu durante a décima dinastia em Marte, mais ou menos na época da misteriosa invasão dos alienígenas Wallus, mais de 200 mil anos atrás. A lenda reza que fez uma descoberta que lhe daria poder sobre todos os mundos se assim o desejasse. 
     "Mas ele desapareceu durante a conquista dos Wallus e acredita-se que tenha deixado suas descobertas escritas em algum lugar. Acho que a lenda tem fundo de verdade. Ele repartiu o segredo entre as sete gemas espaciais e agora, alguém as está coletando para juntar as partes de novo.
     -- Mas qual será esse tremendo segredo do cientista marciano? Joan perguntou.
     Curt sacudiu a cabeça.
     -- Sei lá. E não há como saber a menos que reunamos todas as gemas. O assassino deve saber muito bem o teor do segredo para desejá-lo tão desesperadamente.
     -- O que nos trás de volta até aqui, rugiu Ezra Gurney. Quem é a criatura que está atrás das gemas?
     -- Chefe, está muito claro para mim! Otho soltou. Nosso assassino tem que conhecer muito sobre tecnologia marciana. Está ligado ao ser meio invisível que encontramos no cofre de Yale!
     Curt assentiu.
     -- Não temos a menor prova disso, mas eu aposto uma estrela contra um meteoro que o nosso homem é o Doutor Ul Quorn.
     -- Ul Quorn? bradou Ezra Gurney. Aquele cientista mestiço bem-apanhado que enviamos para a prisão em Cérberus por pesquisas ilegais? O que o faz pensar que seja ele?
     -- Várias coisas, retorquiu Curt. Para começar, Quorn está bem aqui, na Terra, comandando umas apresentações no circo. O circo e Quorn estiveram em Mercúrio quando a gema espacial lá foi roubada. Ele emprega uns seres que são criaturas bem marcianas em se tratando de tecnologias antigas. Sem dúvida, ele necessita de dinheiro para o plano dele, por isso as apresentações, creio eu. Aonde quero chegar é que Ul Quorn está familiarizado com a ciência marciana. Aposto que é ele que quer pôr as mãos no segredo de Thuro Thuun.
     -- O que ainda não indica se ele o nosso assassino, Ezra pensou alto.
     -- Lá no cofre do Yale, disse Curt, uma criatura semi invisível arrebatou a gema da minha mão. Só pode ter sido o Homem Camaleão, um dos artistas esquisitos de Quorn.
     -- Temos ainda outra possível conexão, Hulk Anders adicionou. Estamos de olho em uma organização marciana fanática, uma seita maluca cujos integrantes apareceram no Circo Interplanetário algumas vezes.
     -- Olha só! expirou Futuro. O mistério começa a clarear. Uma seita marciana apoiando Quorn na busca do segredo das gemas.
     -- E ainda tem mais, chefe, disse Otho, de acordo com Lockley, existe uma gema espacial no Museu de Vênus. O Circo e Quorn voam hoje à noite para Vênus.
     -- Que conveniente! comentou Gurney. O que faremos então? Agarramos Quorn agora mesmo?
     -- Por quanto tempo podemos segurá-lo? perguntou Curt. Não temos qualquer evidência real que possamos usar para levá-lo à Corte do Sistema.
     -- Certamente, você fará alguma coisa!
     -- Estou pensando nisso, admitiu Curt deprimido. Quorn não pode pegar essas gemas. Temos que conseguir essas três que estão com ele, mas antes temos que conseguir as quatro que ele não tem! Creio que sem elas, ele não conseguirá nada de concreto. É um risco. Quorn é brilhante, talvez o maior cientista do sistema.
     -- Como se houvesse alguém no Sistema que supere você! elogiou Joan.
     Curt sorriu encabulado.
     -- Obrigado! De qualquer forma, eu não vou correr nenhum risco. Vamos precisar de todo o conhecimento e esperteza para dar-lhe o xeque-mate. Quero a opinião de Simon, vamos para a base na Lua.
     -- Demônios do espaço! Quorn estará em Vênus, amealhando a gema espacial antes que possamos pegá-lo! protestou Otho.
     -- Já pensei nosso, disse Curt. Ezra, você e Joan vão para Vênus agora mesmo. Acampem lá no museu em Venusópolis e cuidem da joia até chegarmos.
     Os olhos de Ezra cintilaram.
     -- Saímos em dez minutos, Capitão! Chegaremos bem antes de Quorn.
     -- Chegarei com os Homens do Futuro o quanto antes para montar a armadilha que vai acabar com o esquema dele, Curt prometeu. Nos vemos em Vênus. Vamos à Cometa, Otho!
     Meia-hora depois, de uma plataforma de pouso no topo da grande Torre do Governo, levantou uma nave pequena. Não era de nenhuma marca padrão da época como as Rissman, as Tark ou as Cruh-Cholo. O esguio aparelho, em forma de uma gota alongada, subiu ao céu à grande velocidade. Era a Cometa, o laboratório voador dos Homens do Futuro, e a mais rápida nave do Sistema.
     Tão rápida ela corria o espaço que logo descia em direção à superfície rochosa e inóspita da Lua rumando para a cratera Tycho cujo piso abriu automaticamente mostrando a escotilha de um hangar. A nave pousou, as portas fecharam e o ar ciciou para dentro.
     O Capitão Futuro e Otho emergiram da nave e percorreram os túneis talhados na rocha sólida. Não sentiam a leveza dos seus corpos pois carregavam equalizadores de gravidade nos cintos.
     Entraram em um salão iluminado pela suave luz do sol que vinha de uma claraboia de glassite situada no piso da cratera e que formava o teto do recinto. Telescópios grandes com designs estranhos, aparelhos eletrônicos e químicos, e uma parafernália tecnológica variada enchia o espaço à volta delas. Era a casa e o laboratório dos Homens do Futuro onde Curt nasceu.
     Uma estranha criatura virou os olhos na direção deles ao entrarem. Não aparentava ser humano: um cubo de metal transparente com duas hastes flexíveis com lentes sensoras nas pontas. O estranho cubo se encontrava sobre um pedestal de onde estivera examinando um microfilme.
     -- Já de volta, filho? a voz arranhada saiu do cubo de metal.




     -- As férias acabaram, Simon, disse baixo o Capitão Futuro.

     As lentes tentaculares de Simon Wright, o Cérebro Vivente, se fixaram nele.
     -- Qual o problema? O Cérebro arguiu seco.
     Curt Newton relatou tudo.
     Simon Wright, um dos três famosos Homens do Futuro era um ser completamente não-humanoide. Havia sido um grande cientista da Terra cujo cérebro fora removido de seu corpo moribundo e transplantado para o cubo. O órgão vivia agora imerso em soro, constantemente purificado por aparelhagens embutidas na caixa de metal. Enxergava por meio das 'antenas', ouvia por meio de fones e falava através de um ressonador.
     O Cérebro se expressou devagar em uma voz melódica assim que Curt terminou.
     -- E você acha que o Dr Ul Quorn é o responsável? Lembro ter lido a teoria monossônica e os experimentos de gene duplo dele. É brilhante, devo admitir.
     -- Simon, é tudo esquisito, Otho interrompeu. Quando vi Quorn, pensei que o conhecia. Não entendi nada.
     O Cérebro não estava prestando atenção, pensava.
     -- Então, Quorn busca o segredo de Thuro Thuun, falou finalmente.
     -- Simon, qual será o segredo? indagou Curt. Você tem alguma ideia?
     -- Sei tanto quanto você, filho. A velha lenda marciana diz que o próprio Thuro Thuun se espantou com a descoberta. Se for assim, Quorn não pode nunca possuir o segredo.
     Curt assentiu com veemência.
     -- Por isso temos que chegar a Vênus e montar a armadilha para quando ele tentar surrupiar a gema do museu. Aí teremos uma prova contra ele. Temos que começar logo. Onde está Grag?
     -- Lá embaixo, consertando o dedo fraturado. Logo, logo, ele sobe. Filho, você lembra de quem é o aniversário hoje?
     -- Claro, sorriu Curt. O dia que Grag foi finalizado por você e meu pai. É o aniversário de Grag.
     -- De todas as baboseiras espaciais, essa de um robô com data de aniversário é demais! Otho explodiu. Aniversário de um robô!
     Curt riu.
     -- Todo ano você diz isso, Otho. Mas...
     Um ruído metálico o interrompeu. Grag entrou correndo no laboratório entusiasmado com a chegada dos companheiros.
     -- Ouvi a Cometa pousar, Mestre. Que bom que voltou.
     Grag tinha dois metros de altura. Era um homem de metal com um torso maciço e uma cabeça bulbosa onde dois olhos foto-elétricos brilhavam. Curt o saldou com um olhar afetuoso.
     -- Feliz aniversário, Grag, disse. Este é um presente para você. E entregou-lhe um tubo grosso de metal. É um projetor que desenvolvi. Além de funcionar como lâmpada, ele também emite todas as vibrações dentro da escala eletromagnética, através de um controle seletor. Acho que vai gostar.
     -- Não precisava ter esse trabalho, Mestre, gaguejou a voz metálica.
     -- Olha só a falsa modéstia do outro, desdenhou Otho. Faz dias que ele só pensa nos presentes.
     Grag se virou indignado.
     -- Você diz isso porque odeia admitir que sou mais humano do que você. Ter um dia de aniversário prova isso!
     A voz ríspida de Simon cortou a discussão.
     -- Grag, meu presente é um novo solado amortecedor para seus pés. Os seus estão sempre se desgastando.
     -- Obrigado, Simon, bradou ele pegando os solados.
     Otho se aproximou fingindo enfado ao deixar um pacote nas mãos do robô.
     -- Suponho que vou ter que te dar algo para você não ficar sentido comigo. Tome aqui. O pacote continha um conjunto novo de dedos para as mãos dele. Vamos ver se você vai quebrar esses aí. Fabriquei-os com uma liga especial.
     Grag olhou espantado.
     -- Uau, Otho! Muito Obrigado.
     -- Não me agradeça. Fiz os dedos para matar o tempo.
     Curt Newton sorriu, pensando nessa parte da personalidade de Otho: disfarçar sua afeição pelo amigo de lutas.
     -- Vou experimentar meus presentes agora mesmo! declarou Grag.
     -- Agora não, Grag, disse Futuro. Vamos seguir para Vênus. As coisas podem estar um inferno por lá. Otho, leve Simon para a Cometa. Não podemos perder tempo.
     -- Vou pegar Íhk, disse Grag.
     Ele saiu correndo e voltou logo com um ursinho pequeno, cinzento e com um focinho fino.
     -- Eu esperava que tivesse esquecido desse urso-lunar, grunhiu Otho.
     -- Por quê?  indagou Grag seguindo os outros para a Cometa. Eu devo um passeio a ele. Faz tempo que não vai a Vênus.
     -- É, mas o Dr. Ul Quorn vai apavorar o pequeno, disse Otho. Ele só vai atrapalhar.
     -- Não mais do que você! retrucou Grag.
     -- Parem com isso, ordenou Curt. Guardem essa implicância para Quorn.




(continua... capítulo 6: Perigo no Pântano de Vênus)



     

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